sábado, 15 de novembro de 2008

A luz ao fundo do túnel!

Caros leitores, bom dia!
Como o tempo passa rápido... Estou há quase 1 mês fora de Portugal e não parece, na realidade, que tenha sido há tanto tempo assim! O facto, é que das 24 semanas que terei de estágio, 2 já passaram, apesar de algumas adversidades que os meus caros têm a oportunidade de ir conhecendo.
Esta última semana, apesar de tudo, foi mais ligeirinha, pelo simples facto de, em França, a 11 de Novembro ser feriado (dia do Armistício). Quanto ao trabalho, começa a ser pautado pela rotina...
Também, nesta última semana, o português esteve bem presente no meu dia-dia, pois não houve um único dia em que a nossa língua-mãe não fosse falada no hospital. Eles são Portugueses, Angolanos, Cabo-verdianos, enfim...
Estes últimos dias também têm sido dias de resolução dos problemas borucráticos (só me falta, basicamente, o certificado de curso e a respectiva tradução certificada, para o processo estar (espero), regularizado). Recebi a minha certidão de nascimento, fui buscar os outros documentos que tinha deixado a traduzir e... abri conta no banco.
Contudo, mais uma vez, deparei-me com dificuldades e com as burocracias do sistema francês. Na 2a feira fui ao banco e estava fechado... na 3a feira foi feriado, na 4a feira, por motivos inerentes ao serviço não pude ir e, na 5a feira, lá consegui sair do hospital por breves instantes após o almoço e ir ao banco. Quando lá cheguei, não havia clientes, mas sim uns 4 ou 5 funcionários ao balcão que, como devem imaginar, estavam todos altamente atarefados. Toda a conversa seguinte foi passada, naturalmente, em francês, mas deixo-a aqui traduzida:
FILIPE: "Bom dia!"
SENHOR DO BANCO: "Bom dia!"
F: "Gostava de abrir uma conta bancária, por favor..."
SDB: "Marcou um rendez-vous?" (Esta palavra, tão tipicamente francesa vou deixá-la, propositadamente assim, conforme o original)
F: "Rendez-vous? Não, não marquei... Mas a que propósito? Vim apenas abrir uma conta."
SDB: "Pois... mas sem rendez-vous não é possível atende-lo, pois não está ninguém disponível!"
(Filipe olha à volta, vê vários funcionários, nenhum cliente e, imbuído de cólera, e num tom elevado de voz, como é característico do povo de Viriato, e a sacudir violentamente o passaporte que tem na mão esquerda)
F: "Não acredito! Os franceses são loucos, este país é inacreditável! Desde que cá cheguei que só tenho tido entraves... São papéis, documentos que não têm cabimento de ser, rendez-vous a torto e a direito, quase que é necessário marcar um rendez-vous com a senhora da padaria para ir comprar uma baguete... Vou voltar para o meu país! Vocês são doidos!"
SDB: "Bom, tenho um rendez-vous marcado com um cliente daqui a 15 minutos... Venha comigo por favor..."
F: (vendo a luz ao fundo do túnel, e entrando no gabinete do SDB) "Peço desculpa, mas desde que cheguei só tenho tido dissabores com o sistema francês..."
SDB: "Pois... é sempre complicado para quem vem de fora..."
(Entretanto, Filipe entrega os documentos necessários - passaporte, certificado de residência, comprovativo do estágio - e olha atentamente para a secretária do SDB: Várias fotografias do SDB de férias na India, Brasil, Portugal, ... e uma placa com a identificação do próprio: GEORGES FERREIRA)
F: (ainda em francês) "Desculpe, mas... é Português?"
SDB: (já em português com sotaque...) "Sou filho de portugueses... e atendi-o porque vi o seu passaporte português na mão, e sei o quão difícil é, para quem chega, integrar-se, ou estar familiarizado com o sistema."
A partir desse momento, tudo correu bem: Já tenho conta no banco, cartão visa, livro de cheque, enfim... Viva Portugal e os nossos emigrantes que por aí andam!

Hoje acordei fantasticamente tarde, acordado por um beijo da princesa Catarina.
Prevê-se uma noite longa, de pura farra!

Bien à vous,
Fil

1 comentário:

Anónimo disse...

Beijo da princesa Catarina!? Quantas interrogações! Mas, cassette para trás, e mistério desvendado: afinal fim de semana na Bélgica, com acentos e tudo! SORTUDO!
Eu bem te disse que o simplex e o Magalhães, ça va de soit, é o melhor que o Sarko tem que adoptar (adquirir, comprar, copiar, etc...) para ficar com algumas semelhanças com o nosso sistema burocrático agilizado. A loja do cidadão (La boutique du Citoyen!!!) também serve. É que os "avec", com ou sem rendez-vous, não duram sempre, sobretudo aqueles que ainda se exprimem, quoique tantôt mal que bien, na língua de Camões.
Então, bom fim de semana.
Gros bisou et à bientôt.