sábado, 28 de fevereiro de 2009

A família, o hospital e o relógio!

Estou de volta!

Caros leitores, mais uma semana se passou em terras de François Rabelais.
A minha ausência durante estes quase 7 dias, faz com que hoje seja o meu "post" hebdomadaire e, ainda por cima, redigido longe de Paris. Vim passar o fim-de-semana à Bélgica, longe do frenesim da cidade, e no coração da Flandres, no meio do campo.

Este meu "post" terá, então, uma série de secções, de acordo com os vários acontecimentos que se foram desenrolando ao longo da semana.

POST 1 - Viva a familia!
A semana começou bem. Começou, alias, ja no fim-de-semana anterior, com a presença da minha prima em Paris, e com as comemorações dos seus 40 anos de existência, que ja aqui deixei relatadas.
Domingo, juntaram-se a nós, a mana, o cunhado, o sobrinho e a sobrinha, preenchendo na totalidade a minha casa de 34 metros quadrados e, assim, a sua lotação, pelo que me habilito a um aumento da renda para 3 vezes o salário minimo nacional! Passeámos, assistimos a um concerto de órgão (de Bach) na Igreja de St Eustache (a igreja estava cheia), e tivémos a oportunidade de "viver" o carnaval de Paris... Os comentários a fazer ao dito desfile são breves, e apenas para deixar aqui um testemunho do que é, no fim de contas, o carnaval na cidade-luz, e ao que se resume a um desfile-de-brasileiros-residentes-em-Paris-mais-uns-associados-franceses-a-tocar-um-samba-manhoso-e-vestidos-de-monstros-de-mangas-compridas! Passo a explicar: monstros porque o tema do desfile era mesmo esse, e de mangas compridas porque, como devem imaginar, a temperatura que ainda faz em Paris não se coaduna com fatiotas carnavalescas mais frescas...
Segunda-feira pouco tempo estive com a família, no sentido em que passo todos os dias 11 horas no hospital, saio por volta das 19:30, e chego a casa cerca das 20 horas. Terça-feira a família belga voltou às suas origens, e restou a prima. Tendo eu saído do hospital às mesmas horas e perfeitamente "débordé", a vontade era de chegar a casa e sair no mesmo momento para "arejar". Assim foi. Eu e a prima descemos St Martin, passámos pela Pont Notre Dame, Rue de la Cité, virámos em direcção à Conciergerie, continuámos pela Boulevard du Palais em direcção à Pont Saint Michel, e fomos jantar à Creperie St Germain na Rue St André des Arts, que alguns de vós ja tiveram a oportunidade de conhecer. O jantar, desta vez, foi oferecido pela prima. Continuámos o passeio e fiz a catarse, até porque esse dia foi um dia estranho no hospital.
Quarta-feira foi embora, e lá fiquei outra vez eu sozinho. O triste disto tudo, é ver as pessoas virem a Paris e voltar ao Porto (ou Lisboa...), e eu ir ficando... Estou com saudades do meu Porto e das nossas gentes.
Vou agora tomar um chá feito pela mãe, na casa da mana que está de viagem pelos Estados Unidos...

Vindo do chá, passamos, então para:

Post 2 - O hospital, as gentes, a reanimação
É inegável que gosto francamente mais, neste momento, do que estou a fazer, por comparação ao meu trabalho no "hospital de semana" dos 3 meses anteriores. São patologias diferentes, doentes francamente mais "agudos" e "graves" e, como já alguém disse um dia, é bem mais a "minha praia". Contudo, também mais cansativo e extenuante. Fui bem recebido, não tenho tido quaisquer problemas e, sem dúvida, feedbacks francamente positivos. Contudo, a facilidade de lidar com os doentes em ambiente de cuidados intensivos, prende-se com a "escola" que ja tive nesta área no meu Hospital de origem no Porto que, sem dúvida, deu-me outra "estaleca" para lidar com este tipo de doentes, independentemente de, neste momento, serem doentes apenas, e só, da área do fígado. O problema reside na colega que está comigo. É extremamente esforçada, e tenta fazer as coisas o melhor possivel, mas falta-lhe a experiência prévia, e a indisponibilidade dos "maiorais" para lhe ensinarem o ABCDE da emergência, da ventilação, da diálise, enfim... do doente crítico. Tal, implicou uma conversa dos meus chefes comigo, a responsabilizarem-me por todos os doentes da unidade e, inclusivé, de certa forma pela propria formação da colega. Tudo isto, sem a colega saber, pelo que me sinto um pouco como a PIDE, a espiar o que a jovem faz aos seus doentes, e a sugerir aqui ou acolá determinadas alterações. Não considerem, os meus caros leitores, presunção e água benta da minha parte. Mas estou numa posição completamente ridícula e que não estou a achar, propriamente, grande piada. Este foi o grande facto negativo da semana.
Faltam mais dois meses e volto para o meu cantinho!

Post 3 - As várias funções do relógio
Tic-Tac Tic-Tac Tic-Tac...
O relógio marca as horas, os minutos, os segundos. Toda a nossa vida se rege pelas horas do relógio, desde o momento em que nascemos, mesmo antes: são as contracções uterinas a cada 5 minutos, e a criança que nasceu às 02:50 minutos (factor importantíssimo, como toda a gente sabe, para a realização de um bom mapa astral). São as "mamadas" a cada 3 horas e o trocar de fralda 5 minutos depois. São as horas para acordar, é o toque de entrada para a sala de aula e o de saída, passados 45 minutos (pelo menos, era assim, na minha altura). São os 3 minutos de cozedura do ovo para ficar apenas... escalfado, e são os segundos, décimos de segundo e centésimos de segundo numa corrida de 100m, que está marcada para as 17 horas e 35 minutos, pelo que temos que começar a "aquecer" 45 minutos antes. São os milésimos de segundo que fazem com que o Ferrari ganhe ao carro da Mclaren Mercedes na fórmula 1 (bons velhos tempos), e as horas a que devemos comparecer no aeroporto para fazermos o "check-in". São os 3 minutos de sol que cada dia tem a mais até ao solestício de Verão.
Depois, durante umas décadas das nossas vidas em que o governo insiste para que sejam cada vez mais, são as horas para acordar, para entrar no trabalho, apesar de nos esquecermos, frequentes vezes, que temos horas para sair...
O relógio, a meu ver, começa a perder o interesse à medida que vamos envelhecendo, fruto de adquirirmos o posto de uma vida menos agitada, mais confortável e, espera-se, que melhorada. Assim, com a reforma, deixamos de ter horas para acordar, mas passamos a ter horas para ir à fisiatria e à consulta do médico. Contudo, a idade concede-nos, também, a possibilidade de chegarmos atrasados a alguns compromissos, sem que pareça muito mal. Passamos a ser nós o metrónomo do tempo, e não os ponteiros do relógio a conferir o ritmo da nossa vida.
Quando o coração pára de bater, pura e simplesmente porque está cansado (o que acontece com alguma frequência com os relógios), os médicos, por vezes, resolvem brincar aos deuses. Aí, administram a adrenalina com um espaço de tempo de determinados minutos e confirmam o pulso também nesta unidade de tempo.
No fim, olham para o relógio e dizem: "Hora da morte: 2 horas e cinquenta minutos".
Estas são as várias funções do relógio.
Lembrei-me disto na terça-feira, ja no regresso a casa, no metro, a propósito de uma doente que foi admitida no dia anterior, na unidade, por hepatite aguda fulminante (ao paracetamol), que evoluiu para disfunção múltipla de órgãos, tendo eu sido chamado com a doente em assistolia. Passada uma hora, ligaram da agência de biomedicina a dizer que havia um fígado para a doente. Há, sem dúvida, uma força maior que diz quando devemos partir...

Bien à vous,
Fil

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Parabéns!

Chegou mais tarde do que o previsto, mas chegou bem.
Pousou a mala em casa, vestiu-se, e partimos. Descemos a rua até ao Museu de arte contemporanea. Subimos ao ultimo piso, escolhemos uma mesa junto à vidraça, e cedi-lhe o melhor lugar: a vista sobre Paris!
Comemos escargots extraordinaires (obrigado C.), carpaccio de Saint-Jacques et perles de truffe, silver cod "hakassan", cote de veau magnifique, chiboust au citron e trifle fruits rouges. Tirämos as fotografias da praxe, e comemoramos o aniverssario com o casal asiatico que estava ao lado. Seguimos o nosso caminho por St Germain fora, na direcção Rue de Seine, atravessämos para a margem direita do rio, passamos o Louvre, e todas as igrejas, igrejinhas e catedrais. Voltamos pelo caminho de Turbigo, voltämos a descer St Martin e fomos por Marrais fora. Chegämos à Bastilha, sentamo-nos num bar e bebemos um "copo". Fizemos o caminho de regresso, e caminha que se faz tarde!

Parabéns pelos teus 40, prima!
Fica na memoria dos dois!

Bien à vous,
Fil

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

As correntes...

Este, é o segundo "post" do dia...

Ha coisas que fazemos sem saber bem o porquê!

O que faço, ja de seguida, é algo que não tenho o habito fazer, mas vou fazê-lo (vejam so o numero de vezes que referi o verbo "fazer") pela elevada estima e consideração que tenho pela minha advogada, pessoa, alias, que também é "bloguista" como eu, além de ser "blogueira", mas com menos experiência e, apesar de tudo, menos visitantes na sua pagina (contudo, acho que vai atingir e ultrapassar rapidamente o numero de visitantes do meu blogue, até à data de encerramento do "Relier", prevista para 30 de Abril).

Assim, esta minha amiga, foi alvo de uma "corrente", daquelas que não devem ser quebradas pois, se tal acontecer, arriscamo-nos a partir um pé, ou a que o gato suba à arvore e de la não desça ou, inclusivé, a que a sogra passe a viver connosco para o resto dos nossos dias!

Lido, agora, com 2 grandes problemas: o primeiro, o de responder à respectiva corrente, no sentido de, e passo a citar as palavras escritas pela propria: "Pois é, o ... mandou-me a "Corrente do Espelho", onde devo referir seis particularidades que vejo todos os dias ao espelho ..."; o segundo problema prende-se com o encontrar 6 pessoas diferentes, julgo eu, 6 "bloguistas" diferentes para fazer com eles a mesma coisa...

Bom, vamos à primeira fase:

1° - "Bom dia Fil!" - esta é uma particularidade minha para mim proprio: faço sempre questão de me cumprimentar quando me vejo pele primeira vez pela manhã.

2° - "Raios para o raio da barba que não para de crescer! Ainda ha 2 dias a fiz... fica para amanhã!" Claro esta que me arrisco, no dia seguinte, a pensar o mesmo, até chegar ao dia em que, dada a comichão com que fico na cara, tenho mesmo de me barbear.

3° - "Tenho mesmo de pôr aparelho nos dentes!" Este é o meu lema desde ha alguns anos a esta parte, e que ficara, sem duvida, para quando chegar ao Porto.

4° - "Ainda bem que comprei a escova de dentes eléctrica!" Este é um pensamento que me ocorre frequentes vezes e, claro esta, desde que vim para Paris, pois so aqui é que adquiri tamanha tecnologia. Ë um descanso... Contudo, mantenho as minhas duvidas quanto à sua eficacia ser superior à de uma escova normal aliada ao trabalho braçal!

5° - "Ainda bem que ja não tenho cabelo! Assim, escuso de passar tempos a pôr gel, a pentear, escovar, e sei la bem que mais!" Claro esta que não penso todos os dias nisto mas, por vezes, la me passa pela cabeça. Assim como, 5 dias apos cortar o cabelo a pente 1 "Ja esta na altura de o voltar a cortar!".

6° - "Passa um bom dia!" Pode parecer estranho, mas assim como me cumprimento de manhã, também me despeço e desejo um bom dia. Acho que é o meu lado de "Gémeos" a falar mais alto: eu, e as minhas duas caras!

Agora é que não sei o que faça, pois não tenho 6 "bloguistas" a quem enviar a corrente. Pelo menos, 6 que não sejam ja "repetidos" com a minha advogada. Assim, arrisco-me a que a sogra venha mesmo viver para minha casa, mas como ainda tenho que arranjar a filha da sogra...

Bien à vous,
Fil

PS: NÃO ME VOLTES A METER NESTAS COISAS!

Entre buracos e bolos!

Et... donc, voila!

Esta é uma expressão tipica do francês, completamente ideota, e que significa, basicamente, "e pronto, não sei que mais te diga, pois a minha capacidade para ir mais além é limitada!" Non... je rigole!

Bom, este foi um introito deveras absurdo, mas foi o que me veio à cabeça e que me apeteceu escrever.

Hoje, logo pela manhazinha, lembrei-me de "La tante". E porquê? Por causa dos buracos... da rua!
Pois é! Paris também tem buracos! Ahhhhhhh!!!! (convém dizer este "Ahhhhhhh!!!!" com a respectiva admiração e estupefacção de quem não imaginaria, NUNCA, Paris com buracos em pleno século XXI!).
E, para prova-lo, tirei 2 fotografias aos ditos cujos, um quase à face do outro, numa rua estreita, o que obriga a condicionamento do trânsito na Rue du Landy, ja perto do "meu" hospital. E mais acrescento: os respectivos buracos, ou buracões, ja têm, pelo menos, 1 mês de existência, sendo que estão "estagnados", que é como quem diz "nem para a frente nem para tras", ha pela menos 15 dias.





Claro estä que agora os meus caros leitores podem pensar: "Pois é, mas com toda a certeza que os trabalhadores são portugueses...". Se são ou não, não sei! Mas la que também ha buracos noutros sitios que não Telheiras...

Hoje faz, então, 4 meses que ca estou!
Parabéns a mim, por ainda não ter cometido a loucura de tomar todos os comprimidos de uma caixa de paracetamol como forma de tentativa de suicidio! Até porque ja sei que tal pode dar origem a uma hepatite aguda fulminante, com necessidade de hospitalização e transplante hepatico... onde? EM BEAUJON!!! Nããããããooooo!
Seja como for, resolvi presentear-me com um bolo da patisserie francesa, comprado no Monoprix. Estava delicioso!!!!



Bien à vous,
Fil

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Ha 4 meses estava a fazer as malas...

Salut!

Faz hoje 4 meses, estava eu a preparar as minhas malas para vir para Paris. Lembro-me bem que recebi os meus tios em casa, e ainda fui buscar a prima Lamivudina à estação de comboios de Espinho, provinda de um congresso de Lisboa (nem vos digo qual o tema que semelhante reunião versava!). Lembro-me de estar à espera dela, e telefonar a uma outra amiga a desejar-lhe boa sorte para o dia seguinte. Não, não emigrou ou viajou para um qualquer pais para "envisager" uma melhor formação médica. A cegonha ja tinha marcado um "rendez-vous" com ela (toda a gente sabe que as cegonhas vêm de França e, como tal, marcam "rendez-vous" com as pessoas às quais vão entregar os rebentos) para o dia seguinte... Amanhã, também ela, a pequerrucha, farä 4 meses.

Assim, fara 4 meses que ca estou, mas ainda falta cumprir mais uma semana de trabalho para perfazer os 2/3 do meu estagio.
Ë curioso o meu estado de espirito ha cerca de 120 dias atras: bem disposto, confiante, motivado e todos os adjectivos que possam imaginar que tenham como mote, o "ser positivo" (de espirito, claro esta!). Não que agora ande deprimido! Como ja vos disse, os cuidados intensivos são, bem mais, a minha "praia"!
Curioso é ver, também, a proxima portuguesa a vir para Beaujon, a minha carissima colega Dra Jnes, cheia de esperança e motivação, apesar de a tentar demover de tamanha aventura de cada vez que falo com ela. Ja encontrou um apartamento para ficar, para os lados da Bastilha. So deve é ter cuidado quando a Montserrat Caballé for actuar à opera: é mandatorio fechar bem as janelas e protejê-las com algo (não-sei-bem-o-quê), para não quebrarem!

Depois de amanhã, uma nova visita, para um dia especial: 4 décadas de vida da prima "Quéqué". Ë sempre chique vir a Paris comemorar o seu aniversario. Domingo juntam-se a nos a mana (a biologica), cunhado e sobrinhos. Vai ser uma festa! Pena é eu trabalhar no sabado e retomar a labuta na 2a feira.
Estou cansado...

Bien à vous,
Fil

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Oco!

Caros leitores:
não sei o que vos diga!

Poderia falar sobre o tempo que é, alias, um optimo mote de conversa, precisamente para... quando não temos tema de conversa! Poderia falar sobre a crise economico-finaceira que também vai afectando a França (não julguem que é so Portugal), assim como a crise no sistema de saude, tema que ja abordei também no "Relier". Poderia falar sobre o hospital, mas não me apetece!
Enfim... estou vazio de temas de conversa, pelo que hoje sou um "gajo" perfeitamente desinteressante!

Sinto-me como a Mafalda (do Quino), que chegou, por momentos, a pensar que estava oca, quando se pesou numa balança da farmacia, que estava estragada, e pesava 0Kg! Lembro-me perfeitamente de ter uns 10 anitos quando estava a ler um livro da Mafaldinha na cama, e a desatar à gargalhada por causa desta tira do livro, que achei verdadeiramente hilariante. A Mafalda celebra, este ano, 45 anos de existência e, em boa verdade, esta bem conservada, não?

Bien à vous,
Fil

PS: Ainda procurei na internet a "tira" de que vos falei, mas sem sucesso!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O desperdicio no sistema!

Escrevo-vos entre um banho e umas leituras "cientificas", e faço-o a proposito do desperdicio que se vai fazendo por França, nomeadamente no que toca a recursos economicos dedicados à saude nesta terra de "avecs"!
Não sei se leram a noticia do Jornal Expresso do dia 14 de Fevereiro (linda data!) sobre "França - erros clinicos matam doentes em hospitais publicos", devidamente "assinalado" à minha pessoa pela minha advogada, e gentilmente "scanarizado" e enviado como ficheiro anexo por "La tante", dada a minha incapacidade para encontrar o dito artigo no site oficial do Jornal.

O facto é que, e de acordo com o artigo, França é dos paises com as mais elevadas despesas na saude, e apercebi-me hoje do porquê!

De manhã, recém chegado ao Serviço, vi-me deparado com um doente instavel e grave. Toca, então, de lhe "meter" cateteres centrais e arteriais para fazer os medicamentos e monitorizar de forma continua a sua tensão arterial (como se o doente não estivesse assim ha ja mais de 24 horas...).
Dado ter sido esta a minha primeira "vitima" de tais procedimentos aqui em França, ainda não me tinha apercebido dos materiais utilizados para "mise en place" os respectivos cateteres. Pus a mascara e o "barrete", desinfectei-me, vesti-me adequadamente, preparei a mesa com o material juntamente com a enfermeira (é por estas e por outras que os médicos se relacionam bem com as enfermeiras...), pus o cateter central e fixei-o, com fio de sutura. Até aqui tudo bem, e parecido com os nossos procedimentos e materiais (gosto mais do nosso cateter de 3 vias, sou franco, nomeadamente do fio guia, o daqui é uma treta...).
Neste momento coloca-se a seguinte questão:
Diz-me la, oh bloguista, onde colocaste tu a tesoura, porta-agulhas e pinça?
NO LIXO!

Aqui nada vai para esterilizar: vai directamente para o lixo.
Ainda perguntei 2 ou 3 vezes à enfermeira se ela tinha certeza do que estava a dizer ou se havia sido eu a compreender mal, mas não, de cada vez que a questionava, respondia-me o mesmo: LIXO!
O problema ainda foi maior, dado ter colocado os dois cateteres em tempos diferentes, que é como quem diz, deitei 2 kits... ao LIXO!

Sabem que mais?
La quero bem saber! E ainda falam de crise...

Bien à vous,
Fil

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Kong de Paris!

Não! Não vou falar, neste meu segundo post do dia (não ha fome que não traga fartura), de macacos ou criaturas fantasticas da era do cinema a preto e branco, mais tarde duplicado, triplicado e varias vezes multiplicado em reposições cinematograficas e de series comico-dramaticas. Vou-vos falar do restaurante "Kong", um dos "que mais esta a dar" em Paris.

Ha cerca de 48 horas atras, que é como quem diz, ainda na 6a feira, dia 13 (...), tive mais uma visita em casa. Não, não foi da namorada (até poderia e deveria ser, dada a proximidade do dia de S. Valentim), mas sim da prima Lamivudina (nome que ela detesta, mas que se auto-intitulou...)!
Como mulher da moda que é, passou estas ultimas 3 semanas nos locais onde se faz a "ciência" da moda, e onde se pode encontrar os melhores trapos do mundo: nas feiras! Contudo, desenganem-se se julgam que são umas feiras quaiquer... Esteve uma semana em Veneza, depois Milão e, finalmente, Paris. Aproveitou a sua estadia por esta cidade onde me encontro, para me brindar com a sua companhia e boa disposição.
Assim, fomos os dois, bem como mais o amigo stentologo e a sua cara-metade anestesiologa (ambos em Paris a passar o fim-de-semana romantico mas perfeitamente ao acaso na roleta que são os 52 fins-de-semana que o ano tem) ao restaurante KONG. Passo, assim, a mais uma rubrica:

"O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES"

RESTAURANTE: Kong
ENDEREÇO: 1, Rue du Pont Neuf, 75001 Paris
AMBIENTE/ DECORAÇÃO: 4,7 - Tal como diz no site oficial do restaurante, é um "combate do moderno contra o classico". Aberto ao publico desde 2002, e com decoração do Philip Starck desde ha 4 anos, o restaurante ocupa o espaço do 5° e 6° andares (os 2 ultimos), do edificio KENZO, mesmo à frente da ponte mais velha de Paris, a Pont Neuf. A decoração é inspirada em temas orientais, sobretudo japoneses, fazendo recurso à imagem da Gueixa, e indo quase até aos "pokemons" dos nossos dias. No tecto do ultimo piso estä desenhada uma Gueixa (ver fotografia 1), e o tecto prolonga-se numa estrutura envidraçada que faz, concomitantemente, o papel de parede.



As mesas são simples, idênticas, alias, às do "Georges", mas com umas cadeiras de acrilico com uns desenhos de mulheres (ver fotografia 2).



No global, temos a descrição inicial do moderno e do classico, como podem comprovar na terceira fotografia (ja aquando da nossa saida e, portanto, com muito pouca gente ainda no piso de cima).



No 5° piso, uma animação. Tudo muito sofisticado e, atendendo aos vestidinhos das meninas, mais parecia estarmos no Verão, do que propriamente com 0°C no exterior. Tudo muito bem disposto, ja a dançar em cima das cadeiras. Parecia o verdadeiro local para "ver e ser visto"... Durante o jantar, nota negativa para a musica demasiadamente alta.

SERVIÇO PRESTADO/ ATENDIMENTO: 4,2 - Reservei de véspera e pedi para ficar no andar superior. So me deram a possibilidade de escolha entre as 20h e as 22:30h, pelo que escolhi a segunda. O "turnover" de clientes é impressionante, no sentido em que mal acabam de sair uns, sentam-se de imediato os seguintes. Contudo, lentos a servir. Marecia um 4, mas leva um 4,2 pelas mini-saias das meninas que serviam às mesas (bendita Mary Quant!).

COMIDA: 4,8 - Dou a mesma nota que dei ao Benoit, mas num estilo completamente distinto. Nota-se, na propria refeição, o estilo oriental aplicado à nouvelle cuisine française.
Assim, iniciei o meu repasto com uns "Ravioles de crevettes et crabe". Apesar de cada garfada corresponder a 3Euros, e, a totalidade do prato, a 6 garfadas, estava muito bom. Findas as 6 garfadas prossegui para o prato principal. Ora, estando eu numa de saudosismo do nosso Portugal, tradições e costumes, nomeadamente no que toca à gastronomia, pedi um bacalhau: "Black cod au miso". Realmente ha 1000 maneiras diferentes de cozinhar o dito bicho! Este, estava delicioso. Uma bela posta de bacalhau que na boca parecia seda, com um sabor agri-doce emprestado pelo molho que a cobria.
Terminei a refeição com uma "Transparence de menthe" que, sou franco, ficou um pouco além das expectativas. O que mais me acabou por agradar na sobremesa foi mesmo o bolo quentinho, tipo queque, que vinha a acompanhar a dita "transparência". O jantar foi "regado" por uma garrafa de vinho tinto "Château de beau-site" para os 4 convivas.

RELAÇÃO SERVIÇO/ PREÇO: 3,5 - Serviço nada de extraordinario e carote. Valeu pelo ambiente e qualidade da comida. O preço final por pessoa ficou por 63,25Euros.

Total:4,3. Neste momento, em 2° lugar do ranking de "O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES". Sem duvida um bom sitio para se ir, jovem, divertido, fashion e dinâmico, com a vantagem de se poder acabar de jantar, e ir para o piso de baixo ouvir uma musiquinha e "abanar o capacete". Valeu a pena o sitio, o jantar e, como não poderia deixar de ser, a companhia!

Entretanto, a prima ja voltou para o Porto, e eu fiquei. Vejo toda a gente a vir e a ir embora e eu vou ficando... A aturar a crise dos outros (provavelmente estão a par da crise que paira pelos hospitais franceses, que ja chegou à imprensa Lusa), não nos bastasse a nossa!

Bien à vous,
Fil

PS: Resta-me o consolo de que trabalho mais 6 dias (até sabado), e que voltarei a ter gente em casa...

"Nous sommes la priorité!"

Era uma vez um Hospital e um Serviço dedicado ao figado. Era uma vez um Senegalês, uma Tunisina e uma Francesa, todos internos do Serviço. Era uma vez um curso numa 6a feira à tarde, a que todos os três desejavam ir. Era uma vez uma discussão inicial (mas civilizada) entre as internas Tunisina e Francesa a proposito de quem ficaria a tomar conta do "Castelo". Era uma vez uma especalista francesa ranhosa que decidiu intervir, e era uma vez uma frase racista e xenofoba "Nous sommes la priorité!". Era uma vez uma decisão unilateral tomada por franceses e pelos franceses, como se todos os outros que trabalhassem com eles valessem "zero", a não ser para "tapar buracos... Era uma vez uma Tunisina furiosa que passou mensagem ao Senegalês. Era uma vez um Senegalês louco, furioso, desvairado a gritar pelos corredores. Era uma vez uma Tunisina e um Senegalês que, com "mais esperto na cabeça" sairam sem que ninguém desse por ela do hospital. Era uma vez uma interna francesa que ficou lixada a tomar conta do "castelo"!

Isto, meus caros leitores, passou-se na 6a feira, no Hospital. Ë vergonhosa a mentalidade destes meus "cicerones" franceses, num episodio que so vem de encontro ao que ja pensava e sentia.
Contudo, limitados por um cérebro xenofobo mas, contudo, pouco inteligente, foram suplantados de uma forma cabal pelos colegas africanos que rapidamente decidiram sair sem que ninguém desse por nada, nomeadamente a colega interna francesa...

Faltam 10 semanas, mais 10 semanas e isto acaba...
Vai-me ficar na lembrança Paris, mas uma ideia perfeitamente acabada sobre o que são e como são os seus habitantes autoctones!

Escrever-vos-ei mais tarde.
Bien à vous,
Fil

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

As rotinas e as novidades!

Todos os dias o mesmo gesto:
Meto a chave na fechadura e rodo 2 vezes para a direita, fruto de ter rodado a mesma chave na mesma fechadura, duas vezes para a esquerda, onze horas atras. Abro a porta, acendo a luz da cozinha no interruptor que esta imediatamente à minha esquerda. Dou um passo, dois passos, três passos, e paro. Curvo-me para chegar aos pés e tiro os sapatos. Calço os chinelos que estão por baixo do banco comprido, e nunca sei se hei-de calçar os brancos ou os cinzentos. Acho que depende do estado de espirito. Hoje, calcei os brancos. Sem sair do mesmo lugar, ligo o primeiro aquecedor que esta mesmo à minha direita. Entro na sala, ligo o segundo aquecedor (que estä, agora, à minha esquerda), e acendo as luzes da minha pequena arvore de Natal que esta em cima da mesa desengonçada e que serve de apoio. Natal, em minha casa, é todos os dias! Continuo o meu caminho, sempre em frente, até ao quarto. Ligo o computador, contorno a cama, acendo uma das luzes da "mesinha de cabeceira", e acendo o terceiro aquecedor (afinal, sempre é Inverno em Paris...).

Esta é a minha rotina, e pela qual anseio todos os dias, no final da jornada: significa que terminou mais um dia de trabalho.

Desde ontem que mudei de Serviço, apesar de me manter e continuar na hepatologia. Trata-se de um Serviço de cuidados intensivos, com 8 camas (so!), para 8 doentes mal dos "figados".
Ë, sem duvida, muito mais a "minha cara" do que o hospital de semana onde estava anteriormente. Voltei à minha vida anterior dos cateteres centrais, entubações, doentes ventilados, e, ao fim e ao cabo, das situações limite da vida. Voltei às adrenalinas, noradrenalinas e dobutaminas (ca não se usa a dopamina), voltei às hemofiltrações continuas, e aos "bichos ruins" que carecem de antibioticos de "larguissimo" espectro. Muito me lembrei, hoje, de uma colega microbiologista do meu Sto Antoninho, quando me ligaram para o Serviço a dizer que um doente tinha uma Stenotrophomonas maltophila nas secreções bronquicas, resistente a tudo, menos à ticarcilina.

Descobri, no Serviço, que uma enfermeira "arranha" o português, virtude de ter um "copin" "Tuga", de Espinho. Sabem o que ela ADORA em Portugal e, em particular de Gaia? Os nossos shoppings! Valha-nos Nossa Senhora de Fatima, também ela bem portuguesa! Mas sabem o que mais? Faz-me falta o Gaiashopping e a Fnac aberta ao domingo, faz-me falta o Arrabida e os seus cinemas monumentais (lembram-se de vos ter falado, ha uns tempos atras, que fui ao cinema em Montparnasse? Não? Paciência... Bom, lembram-se da Sala Bébé, um cinema muito pequenino que ficava na Praça da Batalha? Também não?! Estamos mal... O facto é que o cinema em Montparnasse era ainda mais pequeno que a Sala Bébé, pelo que a intitulei de "Sala Fetal", ou "Sala Feto", conforme o entenderem. Por isso é que digo que também me faz falta o Arrabida. Não que fosse la muitas vezes, para assisitir a um filme, mas o facto é que é diferente quando sabemos que temos as nossas coisas mesmo ao lado...).
Ha, também, uma enfermeira portuguesa, mas... "pas de chance! Je doit, de toute façon, parler avec elle, toujours en Français, si non... on arrive jamais!" Nasceu em Aveiro, mas veio pequenina para França.
Também aqui, ao fim do dia, vem um radiologista fazer as ecografias pedidas, aos cuidados intensivos. Imaginem a minha alegria quando vi entrar uma colega brasileira! "Oi, cara! Tudo legal?!"

Bom, apesar de mais "stressante" é, também, mais motivante, o sitio onde estou. Loge de mim, ha uns tempos atras, nomeadamente apos ter acabado o meu estagio de meio ano de cuidados intensivos, imaginar-me a trabalhar, durante mais 3 meses, noutro serviço semelhante!

Fico, em dias alternados, com o BIP 1010, para onde liga toda a gente, de toda a França, até às Antilhas, a pedir opiniões sobre doentes, e a "tentar vender" os doentes ao nosso Serviço. Tem piada, mas uma responsabilidade acrescida.

Bom, estamos quase a meio da semana, e estou ansioso por 6a feira. Sera dia de confraternização com a prima Lamivudina, com o Stentologo Andrey e a sua cara metade, para um jantar, presumivelmente, no KONG.

Por aqui me fico,
bien à vous,
Fil

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Apenas para dizer um ola!

Désolé, mais aujourd’hui je suis vraiment fatigué pour faire quelque commentaire sur le début d’une nouvelle rotation ou, comme même, sur le weekend dernier qui, en fait, a été très bien.

Bien à vous,
Fil

PS- Deixo-vos duas fotografias tiradas ontem, na Cité Universitaire:


Fotografia 1 - Biblioteca da Cité



Fotografia 2 - O retorno à faculdade, tem destas coisas: estudar na biblioteca como o comum dos mortais... Note-se a péssima postura ergonomica, a fazer prever uma cifose não tarda nada.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

E porque Paris não é so (acento agudo) trabalhar...

Mais uma semana de trabalho terminou (a 13a), um pequeno ciclo se fechou (terminei os meus "trabalhos" em Sergent A - Hospital de semana), e mais um fim-de-semana que começa, diferente do habitual, pois não tenho nem trabalho no hospital, nem amigos ou familia ca em casa.

O final da semana não poderia ter sido mais bem conseguido.
Ontem à noite, virtude de ter mais colegas "Tugas" em Paris, e desses colegas "Tugas" terem, por outro lado, os seus colegas de trabalho, fui a um jantar de aniversario de alguém que não conhecia.

Passo a explicar:
A Dra Brandoa, colega, amiga e companheira de aventuras em Paris, instalada na Casa de Portugal na Cité Universitaire (e bem instalada, posso assegurar-vos, não fosse o cheiro a restaurante chinês que teima em pairar nos corredores da residência, consequência de vivermos numa aldeia global, e a casa de Portugal dar, também, guarida, a estudantes de olhos em bico) encontrou a Dra Manöloga (atribuo-lhe este nome pelo facto de ser interna de ortopedia - no Sto Antoninho - e estar por ca a fazer um estagio na Clinica da mão - vejam so a especificidade!) no inicio de Janeiro, na casa de Portugal.
A Dra Manöloga, que estara por ca apenas até ao final do mês de Fevereiro (esta quase, esta quase...), tem os seus colegas ortopedistas, na sua maioria, também, estrangeiros. Mantém-se, assim, a minha teoria da falta de pessoal médico francês, capaz de dar resposta às necessidades/ carências de médicos deste païs.
Ora, uns desses colegas da Dra Manöloga, Belga, que conhece muito bem Tielt (?!), pois habita perto (Brugges), fez ontem anos. Assim sendo, convidou quem conhecia e que não conhecia para a sua festa de aniversario.
Fui ter à Cité Universitaire (idealizada em 1920 por Émile DEUTSCH DE LA MEURTHE, um industrial francês preocupado com a falta de alojamento para os estudantes de Paris, e aprovada pelo ministro da Instrução Publica da época, André HONNORAT, começou a receber os seus primeiros "hospedes" em 1925; tem varias casas, patrocinadas por varios paises, com a obrigatoriedade de cada casa alojar uma percentagem bem definida de pessoal estrangeiro que não aquele que "toma o nome da casa"; a Cité conta com 40 casas, nomedamente a de Portugal, a qual é patrocinada, como não poderia deixar de ser pela Fundação Calouste Gulbenkian; tem um "ar" futurista e, no seu interior, 169 alojamentos) com as Dras Brandoa e Manologa, assim como com o aniversariante, residente na Casa de Espanha. Por influência da minha prima "Nice" (não se esqueçam: sotaque em inglês), levei-lhe uma garrafa de Sauternes, com o devido conselho de ser bebida bem fria... Acabou por ser o presente dos 3 "Tugas".
Dali, fomos até ao restaurante que, como não poderia deixar de ser, teria de ser uma cervejaria Belga: "Academie de La Bierre" - sem duvida, um excelente sitio para levar o meu cunhado na sua proxima visita a Paris, dentro de 15 dias.
Encontrei, no estabelecimento, o seguinte aviso:



E então? Tenho, ou não tenho razão? talvez devido ao aviso, houvesse tão poucos franceses...
Comi uns mexilhões excelentes mas que, ainda assim, não competem no mesmo campeonato dos mexilhões cozinhados pela minha mãe, e bebi uma cerveja de 9°... Sai dali quase a cantar o fado...
Além dos três portugueses, havia gente da Bélgica, Tunisia, Suiça, Australia, enfim... um total de 12 pessoas, tudo muito bem disposto e humorado. Parecia de novo retornado aos tempos da faculdade e, confesso, soube bem.

Depois, seguiu-se uma incursão à noite de Paris. "Para onde vamos, para onde vamos?" A escolha recaiu sobre o "Bairro Latino", uma discoteca na Bastille. Chegämos ao local cerca da 1:30, e deparämo-nos com o facto de se ter de pagar 20Euros (não muito diferente do preço a pagar num estabelecimento idêntico na cidade do Porto, julgo eu) e, mais grave, do espaço fechar as portas às 2:30! Meus Deus! Estamos em Paris ou na parvonia?! Uma discoteca na capital de França fechar portas às 2:30?! Bom, demos meia volta e acabämos por ir a uma rua so de bares, também ela na Bastille, e enträmos num bar Cubano, o Havanita.

Seguiu-se, para mim, uma caminhada de 25 minutos até ao 223 rue Saint Martin, e uma soneca reparadora!

Hoje, é dia de estudo e, sobretudo, tratar das estatisticas destes ultimos 3 meses de trabalho, pois que médico que é médico, tem de ver muitos doentes, traduzidos em muitos numeros, para ficar bonito no relatorio final. Enfim...

Bien à vous,
bom fim-de-semana, e para todos os meus colegas do Porto, uma boa urgência, pois, se não estivesse em Paris, estaria, hoje, a trabalhar...
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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Dos passeios ao Benoît: a curta estadia de "La tante"!

Ë costume dizer-se que quando estamos bem, ou nos sentimos bem, o tempo passa mais rapido. Como é logico (e la diz a ciência que cada dia tem 24 horas, cada hora 60 minutos, cada minuto 60 segundos e por ai fora), os dias duram sempre o mesmo tempo. Contudo, dizemos, também, que quanto mais velhos somos, mais rapido o tempo passa, e tal, prende-se com a "relatividade" do tempo, que é como quem diz, 1 dia para uma pessoa de 80 anos, corresponde a uma unidade de tempo bem menor do que 1 dia para uma criança de 8.
Tive a companhia de "La tante" até hoje e, o facto, é que a semana passou demasiadamente rapido. Rapido porque ainda "ontem" ela chegou, rapido porque hoje ja voltou para o nosso pais, rapido porque não conseguimos ter tempo para fazer metade das coisas que desejariamos ter feito.
Contudo, e apesar de ter trabalhado todos os dias durante a sua estadia comigo, ainda demos uns passeios, alguns dos quais vos deixo aqui o relato, saboreando uns chocolates da "Maiffret" (ver sitio na internet: www.maiffret.com), que "La tante" gentilmente me ofereceu.

No dia da sua chegada demos um passeio nocturno. Não, não foi o "passeio dos tristes", mas sim um passeio até St Germain, onde jantamos (acento agudo) num restaurante italiano. A minha vontade de comer pizza sobrepôs-se a qualquer vontade de "La tante" para comer algo de mais requintado, pelo que nos ficämos, mesmo, pelo italiano que, alias, ja era do meu conhecimento, ja que la tinha ido com a Dra Brandoa (naquela altura, foi ela quem comeu pizza, e o aspecto da dita cuja deixou-me a salivar, qual cão de Pavlov, até à chegada de "La tante"). A pizza estava muuuiiiitttoo boa!

Continuando os nossos passeios gastronomicos, jantamos, salvo erro, no dia seguinte, no Café Hugo, na Place des Vosges, fizemos 2 repastos no "Chez Nery", o primeiro deles, com umas coquilles St Jacques compradas numa patisserie/ boulangerie da Rue Montorgueille, devidamente acompanhadas por uma sopa Royco e com uma religiosa no final; o segundo, confeccionado por "La tante", uma deliciosa omelete de crevettes, com uma tarte tatin (tem este nome em homenagem a "La tante").
O apogeu dos repastos deu-se no dia de ontem, com um jantar no Benoît, que merece um lugar na rubrica:

"O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES"


Fotografia 1 - Fachada do Restaurante "Benoît"


RESTAURANTE: Benoît
ENDEREÇO: 20, rue Saint-Martin, 75004 Paris
AMBIENTE/ DECORAÇÃO: 4,3 - Desde 1912 que o restaurante existe, aqui, muito perto de casa. Simples por fora, mantém, no seu interior, a tradição, e uma tentativa de modernização, sobretudo ao nivel da apresentação dos pratos. Alguns dourados, cortinas de renda fina e pratos Limoges com o monograma do restaurante. Não é excessivo. Não ha musica ambiente, o que até pode ser bom. Tem 3 salas contiguas e uma outra no andar superior, para grupos. Gostei do espaço e do ambiente. O restaurante tem um lema: "Chez toi Benoît, on boit, on festoie en rois"

SERVIÇO PRESTADO/ ATENDIMENTO: 4,4 - Não foi necessario reservar, mas fomos cedo e era um dia de semana. Varias pessoas com varias funções. Ha o funcionario que nos "acolhe" e indica a mesa, o outro que traz o menu e toma nota do pedido, o outro que traz a comida, o outro que troca os pratos a meio, enfim... uma série de "outros" que, de vez em quando, até chateia! Se poupassem nos funcionarios poderiam, talvez, reduzir o custo final! Contudo, todos muito bem apresentados, com um atendimento relativamente rapido, e uma espera entre pratos que não foi demasiada.

COMIDA: 4,8 - Uma excelente nota, quando tenho em comparação o "Georges". Não comi entrada, mas "La tante" comeu uma sopa. Julgo que tinha bom gosto ("La tante", sem duvida, e a sopa também!). De seguida, comi umas Coquilles St Jacques (bem sei, começo a ficar com pouca imaginação, mas queria experimentar umas coquilles confeccionadas no momento da sua degustação, e não aquecidas no grill do micro-ondas!), e "La tante", um faisão - muito bom, com gosto requintado. Terminamos a refeição com uma Tarte tatin e um Millefeuille, ambos muito bons, e café. Gostei da apresentação dos pratos, gostei do sabor.

RELAÇÃO SERVIÇO/ PREÇO: 3 - Peço desculpa mas, apesar de ser um optimo sitio para se ir, para se estar e para comer, o preço que pagämos dava para ir ao Porto comer a casa dos paizinhos, uma comida caseirinha (um bacalhau assado no forno humm!) e voltar a Paris!

Total:4,12 Teria sido bem melhor se não fosse o preço final. Deixo-vos uma fotografia que tirei à conta. Vejam o preço do café...
Valeu, de facto, a super-companhia!!!


Fotografia 2 - "A dolorosa"


Voltando um bocadinho atras no tempo, domingo fomos passear, depois da minha jornada de trabalho, a La Villette, à "Cité des Sciences de Paris". Foi pena o frio que se fez sentir (prova disso foi a queda de neve do dia seguinte), mas os dois filmes que tivémos a oportunidade de visionar, ultrapassou qualquer desregulação no termostato do planeta terra.

Começämos pelo planetario: um filme de cerca de 25 minutos sobre as grandes colisões espaciais. Verdadeiramente espectacular. Tudo começa não na origem do universo, mas sim nas cadeiras fantasticas-ultra-confortaveis com que nos brindaram. Dä vontade de fazer uma soneca. Contudo, a tela, sobre nos, a forrar toda a cupula do planetario, faz com que a nossa tendência para cerrar os olhos seja sobreposta pela espectacularidade do filme. Chega a ser vertiginoso, e da mesmo a noção de estarmos a flutuar no espaço. O filme fala sobre a colisão dum asteroide com o planeta Terra que poderä estar na origem do nosso planeta secundario, assim como a colisão de um outro meteoro com a Terra e o fim da era jurassica. Vale a pena assistir.

De seguida, fomos a La Geode. Ë, por fora, um verdadeiro monumento futurista. Por dentro, um monte de betão mal acabado, provavelmente por mão-de-obra portuguesa, com uma inacessibilidade inacreditavel para pessoas com algum "handicap" fisico. Depois de muito subirmos, e de nos entregarem uns oculos à anos 60 que nos permitiram o visionamento do filme em 3D, la nos imbuimos de espirito juvenil, e assistimos a 80 minutos de um "fantabulastico" filme de desenhos animados, mais propriamente, de moscas que pretendiam fazer (e fizeram) uma viagem à Lua, com o nosso Armstrong. Muito giro o filme. Aconselho vivamente!


Fotografia 3 - La Geode

Assim, o "bilan", e porque estamos, ao fim e ao cabo, numa altura de "bilans", da estadia de "La tante", não poderia ser mais positivo. Gostei muito de a ter por ca, e ajudou-me a passar uma semana nas melhores condições possiveis.
Pobre, é certo, mas feliz!

Bien à vous,
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Neve em Paris

Hoje, como talvez saibam, nevou em Paris. Mais uma vez...
Longe de mim julgar-me, ha uns tempos atras, a invernar desta maneira! Ë tão bonito, mas tão frio...
Pior, foi quando a neve foi substituida pelo seu elemento, mas no verdadeiro estado liquido, vulgo, a chuva...
Lentamente a neve foi derretendo e dando lugar a uma lama suja e viscosa (como qualquer lama que se preze).

Deixo-vos algumas fotografias tiradas ja perto do hospital, hoje, pela manhã, quando a neve ainda era neve.







Bien à vous,
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