domingo, 2 de novembro de 2008

Café de Flore e mais uma dica para comer!

Paris acordou luminosa mas não solarenga, fresca mas não gelada, e eu acordei com ela!
Escrevo já depois de ter redigido uma extensa mensagem para adicionar ao blogue e que, por um evento não totalmente esclarecido, e que provavelmente se deve aos gnomos que andam de patins em linha e que habitam dentro do meu computador a veicular a informação de um lado para o outro (toda a gente sabe que os computadores funcionam desta forma, tal e qual os ventiladores, em que existe um gnomo no seu interior com um fole, e que tem o laborioso trabalho de fazê-lo insuflar e desinsuflar de acordo com os nossos comandos; contudo, como toda a gente sabe, eles existem, mas nunca ninguém os viu!). Julgo que o gnomo responsável por apagar as letras, textos, imagens e demais informação, deve ter tropeçado num patim e lá apagou (sem querer, claro está...) todo o texto que eu já havia escrito.
Assim, perdoem-me, os meus caros leitores, pelo meu eventual excesso de poder de síntese (que já sabem não ser o meu habitual) que surja nas próximas linhas.
Hoje, o acordar, apesar da minha boa disposição habitual, foi diferente do dos dias anteriores, no sentido em que hoje não tinha ninguém para dizer bom-dia! Bom, seja como for, rapidamente colmatei esta falta de massa humana no meu estúdio, com uma saída à rua já que, conforme vos referi, o tempo assim o convidava.
Pois então, liguei o GPS das minhas sapatilhas e pus, como coordenadas, o "Café de Flore" em St Germain, após várias mensagens a recomendar tal "lieu". Fui lá ter direitinho, sem qualquer ajuda de mapa, apenas com os desvios inerentes às mudanças de direcção pois, caso contrário, habilitava-me a bater com o nariz em qualquer poste, carro ou parede ou até, quem sabe, a nadar no Sena (aqui em Paris, o Sena não é masculino, é feminino, dá-lhe outra graça, sem dúvida!). Devo-vos dizer, contudo, que passei por um mercado na Ile de La Cité, onde estavam à venda vários animais, e fiquei entusiasmado para comprar um furão, um coelho, ou uma chinchila. Contudo, parece-me que, caso opte por comprar um animal de estimação em Paris, lá terá de ser o comum "peixinhus vermelhus", que toda a gente conhece como peixinho vermelho!
Lá cheguei, então, ao Café de Flore. Sem dúvida bonito, como já haviam relatado, com o seu interior em Art Déco a transparecer as tertúlias que lá foram feitas com grandes nomes das artes e letras, tal e qual o nosso "Piolho" - local que aqui presto homenagem, e que me acolheu de braços abertos em várias manhãs durante o meu período estudantil. Claro que à semelhança das marcas de roupa, sapatos, etc, aqui também se paga a tradição, pelo que o café não é caro, mas sim muito caro! Por um chá e um bolo seco paguei, convertido para o nosso velho escudo, vulgarmente designado por "pau", 1800 paus!!! 9 Euros, meus senhores! Ainda me lembrei do meu pai: se lá tivesse estado (e provavelmente estará quando cá vier) teria barafustado tanto, mas tanto... Tenho a impressão que, após tomar o chá, e tal e qual uma chaleira ao lume quando a água entra em ebulição, começaria a assobiar por todos os lados (salvo-seja!) e a deitar vapor pelas orelhas! Dir-vos-ei, a seu tempo, qual a sua reacção.
Bom, seja como for, aproveitei o "aluguer" da cadeira para ler atentamente o "Guide de l'interne" que me foi fornecido na 6ª feira, onde estão descritas as actividades do hospital, e qual o papel do interno. Fiquei, claro está, mais conhecedor do que me espera. Transcrevo, aqui, um excerto do texto, relativo ao ponto 3 - Organisation des soins: "Aucune admission ne peut être faite sans que l'interne en ait été préalablement informé. C'est l'interne qui décide de la sortie du patient. L'interne est le seul prescripteur d'actes diagnostiques et de traitement...". Lá como cá...
Finda a minha leitura, e saído do café, deparei-me com mais um monumento desta cidade, mais outra igreja, a de St.-Germain-des-Prés. Entrei, e demorei-me um pouco no seu interior. Mais outra beleza da cidade, esta, com a particularidade de ser a igreja mais antiga de Paris, o que se denota pelos seus vários estilos, resultado da passagem das modas e das pessoas ao longo dos tempos.
Depois, resolvi ir almoçar a um local onde já havia ido lanchar uma vez com a família sendo que, nessa altura, tive vontade de lá voltar. Assim, deixo-vos com a rúbrica:

O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES

RESTAURANTE: Crêperie Saint-Germain
ENDEREÇO: 33, Rue Saint-André-des-Arts
AMBIENTE/ DECORAÇÃO: 4,3 - Sem dúvida um ambiente acolhedor pelo espaço pequeno que é. Trata-se de uma creperia provavelmente com cerca de 30-35m2, com capacidade reduzida para cerca de 30 pessoas. Muito "gaudiana" no sentido em que as mesas são "forradas" de pequenas pastilhas multiculores, e não só as mesas como partes das paredes. Contrasta o laranja-velho das paredes e tecto com o azul das mesas. Dito assim pode parecer um bocadinho mau mas não é! A cozinha é perfeitamente visível, e os clientes podem observar a preparação (rápida) da refeição. Apesar de ser uma mais valia para o restaurante que assim seja, a tiragem do ar acaba por não ser das melhores, sendo sobretudo por esse motivo que este ítem não é mais valorizado.
SERVIÇO PRESTADO/ ATENDIMENTO: 3,5 - Sem grandes queixas relativas a este ítem, e o facto de ser apenas uma empregada a atender toda a gente não faz com que o serviço seja mais demorado ou prestado com menor simpatia. O problema surgiu quando a empregada que fez "manhã" foi substituída pela que fazia "tarde" e que chegou mais tarde do que o desejável. Pelo que me apercebi, adormeceu. Assim, os seus primeiros 20 minutos de serviço foram um bocado desconcertantes no sentido em que a própria não estava ainda "enteirada" dos pedidos previamente formulados pelos clientes. Não cheirava mal de qualquer cavidade/ afundamento corporal visível/ mais exposta/ vocês já sabem qual...
COMIDA: 4,0 - Pedi um crepe manhattan (com carne, ovo, salada, queijo, ...) para prato principal e um crepe com açucar de sobremesa. Sabor razoável, o expectável, regular.
RELAÇÃO SERVIÇO/ PREÇO: 3 - Tenho ideia que este ítem nunca será muito valorizado nesta minha rúbrica... Paguei pelos pratos já enunciados e por uma coca-cola 17 Euros. Não foi totalmente mau, dados os preços praticados habitualmente, mas também já comi crepes mais baratos.
NOTA FINAL: 3,7 - Nota final razoável. Gostei em particular do ar acolhedor da "Crêperie", mas comi bem e o serviço foi razoável. Passem, pelo menos, por lá para lanchar, para apreciar o local, comer um crepe com manteiga e açucar, entre as Livrarias Gilbert Jaune e a Taschen.

E pronto, caros leitores, no final de contas, o meu poder de síntese não foi aquele que esperava após a destruição inicial do meu texto pelo gnomo apagador.

Amanhã é dia de trabalho... para todos!

Bien à vous,
Fil

2 comentários:

Anónimo disse...

De vez em quando esses gnomos também aparecem no meu computador...como os detesto!!!Enfim, aprecio a forma como lhes deste a volta. Eu tinha começado com um "Paris acordou luminosa" mas acho que tinha ido logo para o "bien à vous"...é como digo, eu cá detesto mesmo os gnomos e não há paciência! Beijo grande já com saudades.

Anónimo disse...

Desta vez, e porque é domingo, cheguei quase no dia seguinte. Paradoxal, mas é mesmo assim.
Essa dos gnomos é ainda influência dos familiares da geração mais recente? Gostei do enredo, sobretudo da entrada do patim. Não apreciei a chaleira no café Flore só por não condizer com o estilo.
Que belo domingo! Também teria gostado fazer-te companhia para o almoço. Adoro crepres!
Uma óptima semana de trabalho, a primeira de muitas que te desejo sejam todas excelentes para ti e para os teus doentinhos.
Gros bisou et à bientôt.