sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Torre Eiffel afinal não é assim tão grande!

"A Torre Eiffel afinal não é assim tão grande!"
Muito poderia eu dizer acerca destes dias que fiquei sem escrever mas julgo que esta frase, este conjunto de palavras sabiamente ditas pelo meu sobrinho, resume as últimas 48 horas da minha vida, pelos motivos que passo a descrever.

1. O facto de ter sido o meu sobrinho a proferir tais palavras, significa que não só ele está cá em Paris, como também a sobrinha, a mana, o cunhado e, claro está, como não poderia deixar de ser, e apesar de ainda não ter referido desde o início do blogue, a minha mãe (que me tem acompanhado em todos os passeios, num "recordar" de sítios e lembranças, já que passou cá uma parte da sua vida - voltarei a este tema um dia destes). Assim, estes 34m2 de estúdio albergam, no momento, 6 pessoas, num verdadeiro acampamento cigano, mas talvez com mais algum conforto (e, daí, talvez não...). Terei a companhia destas pessoas especiais durante mais 24 horas, já que amanhã voltam à Bélgica (a minha mãe irá com eles, pelo que passarei, oficialmente, a viver sozinho em Paris, vamos a ver por quanto tempo, claro está!). Este tempo livre por parte do agregado familiar da minha irmã deve-se ao facto de viver num país civilizado, com interrupção lectiva durante 1 semana, chamadas as "férias de Outono". Ao que parece, também aqui em França, e ao contrário do que vigora em Portugal, em que a tendência é para que a escola se ocupe a tempo inteiro das crianças (o próximo projecto lei passa pela criação de anexos onde os alunos possam pernoitar e, assim, usufruir do máximo de tempo na instituição que é a escola; claro está que serão os professores a tomar conta das crianças durante o período nocturno já que, conforme sabemos pelos estudos rendomizados, aleatórios e duplamente cegos, é durante a noite que apreendemos os conhecimentos adquiridos ao longo do dia e, quem melhor do que um professor para se assegurar que esteve evento cerebral ocorra nas melhores condições?), o plano é converter a semana escolar em apenas 4 dias lectivos: 2ª e 3ª feiras, 5ª e 6ª feiras. Gostaria de ver tal projecto em Portugal... (Hoje parece que o meu poder de síntese está reduzido à escala de uma pulga para um elefante.)
Bom, em suma, este 1º ponto serve para dizer que a família está quase toda cá.

2. O meu sobrinho é um ente especial (a minha sobrinha também, mas fica para um outro capítulo), sendo que me escuso de enumerar os motivos que me levam a fazer tal afirmação. Depois de andarmos quase 2 horas sob o frio e uma chuva miudinha "molha-tolos", lá chegámos ao nosso objectivo (e que o meu sobrinho se mostrava desejoso de concretizar, sobretudo após visualização do "Ratatouille"). Eis que o rapaz diz: "A Torre Eiffel afinal não é assim tão grande!". Ora, isto dito por uma criança que mede pouco mais de metade de um adulto de mediana estatura, cuja escala do mundo face à sua pessoa se afiguraria diferente da nossa, faz-nos pensar... A Torre Eiffel, incluindo a sua antena, conta com 324 metros de altura (não contando com os 18 cm que "cresce" em dias mais quentes - não faço qualquer comentário relativo à medição da torre em dias mais frios ou mais quentes...), pesa 10100 toneladas, e permite visitas ao seu interior em 3 patamares distintos, sendo que o terceiro andar fica a 276 metros acima do solo, e suporta até 800 pessoas de cada vez. Então, o que faz com que um rapaz de 1,20m diga que uma estrutura 270 vezes maior do que ele não seja "afinal não é assim tão grande!"? Nada mais nada menos do que a comparação desta imensa estrutura com outras ainda maiores, como sejam as estrelas, o sol, as viagens de 2000Km até Portugal e, claro está, a comparação de tamanhos entre a própria Torre Eiffel e o... Ratatouille (a quem deixo aqui a minha homenagem, pois acho que desempenhou um óptimo papel no filme).
Contudo, claro está que o meu sobrinho queria (e eu também!) subir ao topo da Torre Eiffel. E assim foi. Contem, os meus leitores, com o pagamento de uma quantia nada amigável para se ascender ao 3º piso da torre. Apesar da chuva, Paris é bela, e permite que se tirem fotografias espectaculares, mesmo que seja com uma máquina de "treta". Deixo-vos, então, com uma fotografia de Paris do cimo da Torre Eiffel.

Devo dizer-vos, também, que além do meu sobrinho ter adorado a torre (apesar de não ser assim tão grande...), gastou 2 euros que a fada (e toda a gente sabe que elas existem) lhe deixou debaixo da travesseira no noite anterior por troca do seu primeiro dente (que, vejam só, caiu em Paris!), numa Torre Eiffel "porta-chaves" azul!

3. O evento "Torre Eiffel" deixa cair por terra todas as outras coisas interessantes que tenham acontecido nos dias anteriores, como seja o facto de ter descoberto (com a ajuda importantíssima de uma amiga da minha irmã residente em Paris) um bar, "Le Bailon Rouge", actualmente frequentado por pessoas das artes e cinema, onde só servem vinho, e um outro "Bistrot", também na zona da Bastilha, onde comi um "Confit de Canard" espectacular.

Hoje é 6ª feira, 31 de Outubro, dia das bruxas (evento com enorme tradição em Portugal, como todos sabemos) e o meu dia de apresentação no hospital. Assim, ainda vou cortar o cabelo (trouxe a máquina para o fazer no domicílio), desfazer a barba e tomar um bom banho. Dar-vos-ei, mais tarde, notícias.

Bien à vous,
Fil

PS: Deixo-vos aqui uma das obras-primas de Picasso, em exposição no Grand Palais, de que gostei em particular, e de seu nome "La pisseuse" que, traduzido à letra significa "A mijona". Afinal os grandes mestres também utilizam grandes palavras para descrever as suas grandes obras!

3 comentários:

Unknown disse...

O quadro (e o respectivo nome) é delicioso!!! Desconcertante! Magnífico...
Nunca estive na Torre à noite... (nota mental: ir.)
Que sejas bem recebido, hoje, no hôpital!

Beijos, P

Anónimo disse...

Boa sorte no Hospital!
Entra com o pé direito e mostra-lhes o excelente profissional que és!
Beijinhos para todos, Cris

Anónimo disse...

Vou começar pelo fim; um quadro extraordinário e um nome ainda mais delicioso: "La pisseuse". Adorei e revela o teu excelente gosto. Subtilezas...
O Ricardo deve ter ficado mesmo muito impressionado com a Torre Eiffel e aquela frase interjectiva não foi mais do que o desabafo assustado de um pequerrucho convencido de que a exclamação iria reduzir o tamanho do monstro. Conseguiu e até a converteu num insignificante porta-chaves. Agora pergunto-me, porquê azul? Manipulaste-o!?
Apesar da chuva e da porcaria (?! - tu o dizes!) da máquina fotográfica, a foto ficou magnífica.
Goza bem as próximas 24 horas.
A amiga de Paris certamente se encarregará de te tornar aprazíveis todas as restantes, com ou sem confit.
Gros bisou et à bientôt.

P.S.: Um beijo enorme para todos e bom regresso à Bélgica