terça-feira, 28 de outubro de 2008

Guia das Estrelas Nery para os Morfes

À semelhança do Guia Michelin de restaurantes resolvi, também, criar uma escala de avaliação - O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES -, com o fito de avaliar aqueles por onde vou passando. Assim, os vários ítems serão classificados de 0 (péssimo, muito mau, equivalente a comer num esgoto) a 5 (extraordinário, orgásmico...). Quanto aos ítems a avaliar, serão: ambiente/ decoração, serviço prestado/ atendimento (onde se inclui o tempo de espera para entrar no restaurante até àquele "entre-pratos"), comida (que pode ser dividida em entrada/ prato principal/ sobremesa/ bebida e que terá a ver, sobretudo, com a capacidade económica deste vosso relator) e, finalmente, a relação serviço/ preço.
Assim sendo, começarei pela minha primeira avaliação (tentarei fazê-la com a maior das precisões e isenções):

RESTAURANTE: Chartier
ENDEREÇO: Rue Faubourg Montmartre, nº7

AMBIENTE/ DECORAÇÃO: 4 - De facto, o melhor que o restaurante tem para oferecer. Trata-se de um estilo "Belle époque", sóbrio, que nos remete para alturas de início do século XX. É um espaço muito grande (já serviu como cantina para operários), cuja sala foi classificada em 1989 como monumento histórico, com boa iluminação, e com capacidade para muitos clientes (Fotografia 1); Tem pormenores interessantes, como sejam os candeeiros (Fotografia 2), os bengaleiros (Fotografia 3) e as pequenas gavetas numeradas que serviam para acolher os talheres dos trabalhadores (Fotografia 4). Contudo, as mesas de mármore já denotam o passar dos anos, e as toalhas de pano também. Em cima destas figuram as célebres toalhas de papel. Assim, não contem, os caros leitores, com grandes luxos, já que estes terminam no espaço físico. Além das toalhas de papel, os pratos são brancos/ simples, os talheres cada um da sua nação, e os copos dignos de qualquer refeitório de escola básica (não que os refeitórios das escolas preparatórias ou secundárias tenham maior qualidade... digo eu!). Para coadjuvar à festa, o barulho é muito, virtude da quantidade de gente e do grande espaço.

SERVIÇO PRESTADO/ ATENDIMENTO: 2 - Não adianta fazer reserva a não ser que sejam grandes grupos: eu fiz, no domingo, pelo sítio da internet, e de pouco me serviu... A fila para entrar no restaurante tinha uns bons 30 metros de comprido, e assim se manteve desde a hora que lá entrei - cerca das 20h, até perto das 22h (hora de fecho do restaurante para a entrada de clientes). À entrada, somos atendidos pelo cicerone, que nos indica a mesa onde ficar. A partir daí estamos por conta do empregado de mesa que, sim senhor, tal e qual diz no site, trajados a rigor, de preto e avental branco, contudo, todos os aventais estavam bem sujos e todos os empregados de mangas arregaçadas... O meu, em particular, cada vez que ia à mesa deixava um perfume que diria "sui generis" a H2O + NaCl + bactérias residentes na sovaqueira... Bom, o facto é que demorou muito tempo entre cada prato, apesar de todos eles já estarem previamente confeccionados, tal e qual numa cantina. Devo dizer, também, que não só não trouxe o sal à mesa quando foi pedido, como também veio buscar (com a mão) pão que estava dentro do cesto da nossa mesa (que foi partilhada com uns espanhóis), para um outro cesto de mesa vizinha!

COMIDA: 2,5 - Começo pela sopa: azeda! Tratava-se de um "Potage de legumes", mas não faço ideia de quais, pois não conseguia reconhecer o saber de qualquer um. Tal não seria problema algum se o sabor fosse o melhor, o que não foi o caso. A seguir, um "Escalope de veau Normande". Demasiado passado, sem nenhum sabor diferente do habitual. Comestível, mas sem vontade de repetir. Concluí a refeição não com uma "Dame blanche" (que já não havia), mas sim com uma "Coupe mont blanc", que não era mais do que um creme de castanhas com chantilly por cima - deixei mais de metade... Tudo isto acompanhado por um vinho da casa, ao nível de qualquer "mejeca" a beber num jantar da faculdade. Assim, a refeição, no seu conjunto, não estava boa, o vinho também não, e o empregado acompanhava o "pacote". Dou um 2,5 (que talvez seja demais) só para não dar uma "nega redonda" logo na minha primeira avaliação.
RELAÇÃO SERVIÇO/ PREÇO: 3. Paguei, no total, cerca de 20 Euros. Preço que não é totalmente mau, tendo em conta que englobou entrada, prato principal, sobremesa e bebida. Contudo, apesar do preço ser em conta, o serviço não o foi, o que faz baixar a relação.

NOTA FINAL: 2,9 - Acho que vale a pena VISITAR (e não obrigatoriamente comer) o restaurante pelo espaço que, como já referi, é monumento histórico. Seja como for, quem cá me vier fazer uma visita, lá vai ter que gramar com o dito cujo (restaurante, claro está!), com tudo a que tem direito, desde fila para entrar até ao cheiro da sovaqueira do empregado de mesa.

E tenho dito!
Bien à vous,
Fil

7 comentários:

Unknown disse...

Olé! Reparei que nos presenteias com muitas fotografias da cidade mas ainda não conhecemos o teu cantinho em Paris! Gostava de o conhecer!
Quanto a restaurantes, sabes que tenho um Moleskine alfabético onde guardo as melhores referências hoteleiras e gastronómicas (todas por experiência própria, sofisticadas/rústicas, caras/baratas, enfim, qualquer sítio onde os meus sentidos tenham sido mimados...). No "P" (de Paris)surge: Le Pied de Cochon (para um jantar especial). La tante, com certeza, poderá confirmar! ;)
Beijocas grandes, Pat

Anónimo disse...

Não sou La tante, mas confirmo a tua sugestão! ainda por cima fica bem perto de casa...do Fil, claro está!!!:)
Beijinhos,
Cris

Anónimo disse...

Concordo com ambas, Cris e Pat, e sou la tante, mas sem quaisquer pretensões, longe disso, de conselheira encartada. E a Pat fez-me lembrar uns deliciosos pezinhos de porco panados como só lá é que se comem! E tu que adoras links, lá vai: http://www.pieddecochon.com/
Estás com saudades de um belo caldo à nossa moda?! Comer sopa em qualquer restaurante em França é como pedir a um muçulmano que confeccione os ditos pezinhos de porco; nem pensar! Pela descrição que fizeste do jantar pareceu-me bem dégueulasse e servido com o tal dito composto originado no côncavo de um dos seus mais dinâmicos instrumentos de trabalho deve ter sido difícil de digerir. Quanto ao pãozinho retirado com a manápula, que querias tu de um povo que transporta a baguette debaixo do braço, bem aninhada na sovaqueira, para a manter fresca e estaladiça, e a vai mordiscando alegremente no caminho até casa? Ainda estás pouco aculturado! Lá chegarás...
Gros bisou et à bientôt

Anónimo disse...

aloha!!
nao sejas enjoadinho, que os franceses nunca foram famosos por cheirarem irrepreensivelmente bem. Aguenta em apneia nestas circunstancias.
Haviam uns restaurantes normandos algures na Bastilha q serviam sopa. muitas vezes era sopa de cebola, mas era boa, lá isso era.
Estas vindas ao teu blog andam a atacar-me o sistema limbico - aposto que hoje vou trabalhar todo o serão a cheirar-me a pezinhos de porco...
beijo e xi
elsa

Anónimo disse...

Humm...acho que estás a ficar preguiçoso...ou estarás ocupado?!?
Beijinhos,
Cris

Anónimo disse...

Então, crias-nos o vício e depois retiras-nos o gosto de te ler e rel(i)er? É a mana que te ocupa? Por cá chove e está frio, mas ainda dá para umas passeatas nocturnas a pé. Boa noite!
Gros bisou et à demain

Unknown disse...

Pois... Estamos em pleno Síndrome de Abstinência!!!
Não é justo! ;)

Bjs,P