Caros leitores,
Escrevo-vos a ouvir um CD de musica que a minha prima "Nice" me trouxe de Portugal: "Deolinda - canção ao lado", e logo apos ter recebido uma mensagem da ultima hospede da "Pensão - Casa da mãe Joana" a dizer que chegou sã e salva, a porto seguro.
Não ha nada como ter gente em casa para desanuviar a cabeça, pensar em coisas triviais e conhecer um bocadinho mais de Paris, quanto mais não seja, de um ou outro "boteco" onde se possa comer e gastar mais uns euros da minha ja desfalcada conta bancaria.
Comecemos pelo incio, que é sempre um bom sitio para começar...
6a Feira
Ja sabem que tive a minha terceira (e espero que ultima) apresentação no Serviço. Na realidade, de todos os internos, fui eu quem apresentou, até ao momento, mais vezes, os casos clinicos e a respectiva discussão. Vou à frente com 3 apresentações, seguido de perto pelas colegas Bulgara e Tunisina com 2 apresentações cada uma e, no final da corrida, os colegas Senegalês e Francesa.
Correu bem a apresentação do caso, bem como a sua discussão e respostas às questões colocadas.
A minha ansiedade pelo terminus do dia, residia no facto de que a minha proxima hospede, ja em Paris desde as 12 horas, fazia-se passear pelas ruas desta cidade com a sua malinha de viagem vermelha (mas porque é que toda a gente que vem ca a casa vem de mala vermelha?). Teve de esperar até perto das 20 horas para que alguém, neste caso, o vosso proprio narrador, lhe abrisse as portas de casa.
Deparou-se com uma casa caotica, com o estendal e respectiva roupa no meio da sala, cozinha meia arrumada, cama por fazer, enfim... Valha-nos o facto de ter tido a dignidade de dar uma limpeza rapida (mas eficaz) na casa de banho, e agradeço a todas as alminhas o facto de ter escolhido uma casa com um wc com uma area util de deslocação de 30 cm quadrados... Contudo, em 5 minutos, arrumei o estendal, atirei a roupa para dentro do armario e puxei o edredão para cima. Et donc, voilà! Uma casa "impec"!
Claro estä que tinhamos de sair, e assim foi: fomos dar uma volta pelos caminhos desta cidade, e jantämos fora (estou ha 5 minutos a tentar lembrar-me onde, e sou incapaz!!!)
Säbado
8:45 - 13:45 Hôpital de Beaujon, Serviço Réa hépato. 8 doentes para mim. A especialista chegou pouco passava das 10 horas, deu-me uns "bons dias" - em Francês, claro estä! - com o seu ar mais repousado possivel de quem dormiu 10 horas seguidas, e perguntou-me se eu precisava de alguma coisa. Obviamente que lhe respondi: "Por aqui?! Não estava a contar contigo! Obrigado, não preciso de nada!". Assim sendo, e dada a minha resposta tão concreta, a gentil dama sentou-se frente ao computador a ver locais para uma futura viagem. Ao meio-dia e pouco, ligou-me do seu gabinete a perguntar se eu precisava de alguma coisa (mais uma vez foi gentil). Ao que lhe voltei a responder que não, muito obrigado, e acrescentei "Quando quiseres podes ir embora!". Naturalmente que ela não disse que não, e não lhe pus mais vezes os olhos em cima. Pouco passava das 13h quando chegou o colega de "garde". Foi o tempo de lhe fazer a "transmissão de testemunho", que é como quem diz, dos doentes, e vir-me embora. Ë, de facto, extraordinario como fica um interno responsavel por uma unidade de cuidados intensivos...
14:20 - Monoprix. Passei pelo ja conhecido supermercado dos meus caros leitores antes de chegar a casa, pois precisava de géneros fundamentais, não de sobrevivência no sentido da compra de combustivel para vivermos, vulgo, comida, mas sim para não cheirar mal, que é como quem diz: papel-higiénico, pasta dos dentes e outra-coisa-qualquer-da-qual-ja-não-me-recordo. Contudo, maldita a hora em que passei por uns morangos transgénicos e baratos: 500mg de morangos=1,99Euros! Eram grandes e, um deles, parecia um grande nariz enrugado e idoso. Pensei eu: "Que ricos morangos! Isto ia mesmo bem com um chocolate quente!" Vai dai, do chocolate quente à mousse de chocolate é um instantinho. E, se se vai fazer a sobremesa, porque não fazer a refeição por inteiro?
E assim foi. Acabei por comprar os ingredientes necessarios para fazer o prato principal e a respectiva sobremesa que tinha dado o mote para a realização de tão elaborada refeição!
Chegado a casa, liguei à Dra Brandoa a perguntar se não se queria juntar a nos, em Montmarte e, depois, para um jantar caseirinho na "Pensão - casa da mãe Joana". Claro estä que a resposta nunca poderia ser negativa!
Fotografia 1 - Escada do calvärio - Subida ingreme de acesso ao Sacré-coeur.
Eu e a Dra mioleira fomos a pé por esses caminhos fora até Montmarte, não sem antes pararmos para almoçar, às 16h, um croque monsieur (pour la dame), e um croque madame (pour le monsieur). Continuamos caminho, e la nos encontämos com a Dra Brandoa no alto de Montmarte, em frente ao Sacré-coeur. Ainda nos demorämos um pouco na escadaria a ouvir um guitarrista a cantar (e a tocar, claro estä), acompanhado pela não menos vistosa mulher d'azul que, sem nos parecer fazer parte do grupo em questão, incorporou o espirito da mãe de santo e entrou em transe...
Fotografia 2 - A figurinha que o "povo", neste caso, a "pova", faz!
No regresso a casa, pela Boulevard Montmartre fora, ainda propus jantärmos no "Chez Chartier" (um dos primeiros que foi aqui referenciado no blogue no guia das estrelas morfes do Nery). A proposta não foi bem aceite, com a desculpa de ser muito cedo... Muito cedo... Muito cedo neste fuso horario, pois que, se fosse do outro lado do mundo, ja seria muito tarde!
A caminho de casa, ja na Rue St Martin, deparämo-nos com uma manisfestação. De um dos lados da rua, os manifestantes: gente aos berros, com cartazes, a trajar umas T-shirts mal amanhadas e com uns escritos a corresponder às suas frases de apelo: "Gautier Assassin!"
Do outro lado da rua, gente muito chique, muito fashion e fashionable, a trajar uns trapos de marca e, se possivel, com muitas peles à mistura, contudo, também observämos pessoas que, a julgar pela falta de pano que levavam, devem de estar, neste momento, internadas num qualquer hospital de Paris, num qualquer Serviço de cuidados intensivos, tratados por um qualquer interno estrangeiro, a padecer da pneumonia qua apanharam naquele dia!
Deixo-vos uma fotografia do cenärio.
Fotografia 3 - Do lado direito, os manifestantes "anti-fur". Do lado esquerdo, os manifestantes Gaultierianos "Pro-fur": A prova provada de que este mundo é feito de contrastes!
Chegados a casa, mãos na massa:
Tabelete de chocolate, manteiga, ovos e açucar. Resultado: a minha primeira mousse de chocolate feita alguma vez na vida (ja havia visto a minha mãe a fazê-la, é um facto) e, provavelmente (sorte de principiante), a melhor que alguma vez farei!
Quanto ao prato principal: Azeite de Portugal gentilmente cedido pela casa "Vilanova" (aproveito para fazer publicidade ao site: www.vilanova.be), 1 caldo Knorr (ptuah! Dirä a minha prima "Nice"), cebola congelada, uma lata de legumes pre-cozinhados e uma lata de cogumelos. Deixar cozinhar 5 minutos e juntar o frango. Aguardar mais um pouco (o tempo de falar com o colega/amigo cardiologo Toulousense no skype), juntar agua, deixar ferver, juntar massa, e deixar cozer.
Et donc, voilà! Prato principal e sobremesa feitos!
De seguida, tempo para lavar os pratos. Claro esta que rapidamente me "esquivei" à tarefa!
Apos as lides pos-prandiais, tempo de marchar até à Bastilha, para aproveitar o resto da noite num bar Cubano em Paris.
Bom, o resto, deixo para escrever amanhã!
Bien à vous,
Fil
segunda-feira, 9 de março de 2009
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4 comentários:
"mas porque é que toda a gente que vem ca a casa vem de mala vermelha?" COMO???????????????????????????????
A minha mala é PRETA, ok?!
Só te desculpo a falta de atenção se, para te redimires, confessares publicamente que só não reparaste na minha malinha porque estavas ofuscado com a minha beleza!!!
:-)
(pronto, pronto eu calo-me e vou trabalhar!!!)
Beijinhos,
(hoje é thesse...não está mal de todo! beijinho la tante!)
Agora é progagsi!
Progagsi é giro!!!
(...eu sei, eu sei...trabalhar e calar...)
Beijinhos,
Ainda bem que colocas as questões e respondes no mesmo instante! Desculpa, tens razão! Não poderias NUNCA ter uma mala vermelha, vä lä Deus saber porquê!
J'ai était une valise noir!
Donc, je ne suis pas une personne .
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