segunda-feira, 9 de março de 2009

Sexta-feira e sabado, o resumo.

Caros leitores,

Escrevo-vos a ouvir um CD de musica que a minha prima "Nice" me trouxe de Portugal: "Deolinda - canção ao lado", e logo apos ter recebido uma mensagem da ultima hospede da "Pensão - Casa da mãe Joana" a dizer que chegou sã e salva, a porto seguro.

Não ha nada como ter gente em casa para desanuviar a cabeça, pensar em coisas triviais e conhecer um bocadinho mais de Paris, quanto mais não seja, de um ou outro "boteco" onde se possa comer e gastar mais uns euros da minha ja desfalcada conta bancaria.

Comecemos pelo incio, que é sempre um bom sitio para começar...

6a Feira
Ja sabem que tive a minha terceira (e espero que ultima) apresentação no Serviço. Na realidade, de todos os internos, fui eu quem apresentou, até ao momento, mais vezes, os casos clinicos e a respectiva discussão. Vou à frente com 3 apresentações, seguido de perto pelas colegas Bulgara e Tunisina com 2 apresentações cada uma e, no final da corrida, os colegas Senegalês e Francesa.
Correu bem a apresentação do caso, bem como a sua discussão e respostas às questões colocadas.

A minha ansiedade pelo terminus do dia, residia no facto de que a minha proxima hospede, ja em Paris desde as 12 horas, fazia-se passear pelas ruas desta cidade com a sua malinha de viagem vermelha (mas porque é que toda a gente que vem ca a casa vem de mala vermelha?). Teve de esperar até perto das 20 horas para que alguém, neste caso, o vosso proprio narrador, lhe abrisse as portas de casa.
Deparou-se com uma casa caotica, com o estendal e respectiva roupa no meio da sala, cozinha meia arrumada, cama por fazer, enfim... Valha-nos o facto de ter tido a dignidade de dar uma limpeza rapida (mas eficaz) na casa de banho, e agradeço a todas as alminhas o facto de ter escolhido uma casa com um wc com uma area util de deslocação de 30 cm quadrados... Contudo, em 5 minutos, arrumei o estendal, atirei a roupa para dentro do armario e puxei o edredão para cima. Et donc, voilà! Uma casa "impec"!
Claro estä que tinhamos de sair, e assim foi: fomos dar uma volta pelos caminhos desta cidade, e jantämos fora (estou ha 5 minutos a tentar lembrar-me onde, e sou incapaz!!!)

Säbado
8:45 - 13:45 Hôpital de Beaujon, Serviço Réa hépato. 8 doentes para mim. A especialista chegou pouco passava das 10 horas, deu-me uns "bons dias" - em Francês, claro estä! - com o seu ar mais repousado possivel de quem dormiu 10 horas seguidas, e perguntou-me se eu precisava de alguma coisa. Obviamente que lhe respondi: "Por aqui?! Não estava a contar contigo! Obrigado, não preciso de nada!". Assim sendo, e dada a minha resposta tão concreta, a gentil dama sentou-se frente ao computador a ver locais para uma futura viagem. Ao meio-dia e pouco, ligou-me do seu gabinete a perguntar se eu precisava de alguma coisa (mais uma vez foi gentil). Ao que lhe voltei a responder que não, muito obrigado, e acrescentei "Quando quiseres podes ir embora!". Naturalmente que ela não disse que não, e não lhe pus mais vezes os olhos em cima. Pouco passava das 13h quando chegou o colega de "garde". Foi o tempo de lhe fazer a "transmissão de testemunho", que é como quem diz, dos doentes, e vir-me embora. Ë, de facto, extraordinario como fica um interno responsavel por uma unidade de cuidados intensivos...

14:20 - Monoprix. Passei pelo ja conhecido supermercado dos meus caros leitores antes de chegar a casa, pois precisava de géneros fundamentais, não de sobrevivência no sentido da compra de combustivel para vivermos, vulgo, comida, mas sim para não cheirar mal, que é como quem diz: papel-higiénico, pasta dos dentes e outra-coisa-qualquer-da-qual-ja-não-me-recordo. Contudo, maldita a hora em que passei por uns morangos transgénicos e baratos: 500mg de morangos=1,99Euros! Eram grandes e, um deles, parecia um grande nariz enrugado e idoso. Pensei eu: "Que ricos morangos! Isto ia mesmo bem com um chocolate quente!" Vai dai, do chocolate quente à mousse de chocolate é um instantinho. E, se se vai fazer a sobremesa, porque não fazer a refeição por inteiro?
E assim foi. Acabei por comprar os ingredientes necessarios para fazer o prato principal e a respectiva sobremesa que tinha dado o mote para a realização de tão elaborada refeição!

Chegado a casa, liguei à Dra Brandoa a perguntar se não se queria juntar a nos, em Montmarte e, depois, para um jantar caseirinho na "Pensão - casa da mãe Joana". Claro estä que a resposta nunca poderia ser negativa!


Fotografia 1 - Escada do calvärio - Subida ingreme de acesso ao Sacré-coeur.


Eu e a Dra mioleira fomos a pé por esses caminhos fora até Montmarte, não sem antes pararmos para almoçar, às 16h, um croque monsieur (pour la dame), e um croque madame (pour le monsieur). Continuamos caminho, e la nos encontämos com a Dra Brandoa no alto de Montmarte, em frente ao Sacré-coeur. Ainda nos demorämos um pouco na escadaria a ouvir um guitarrista a cantar (e a tocar, claro estä), acompanhado pela não menos vistosa mulher d'azul que, sem nos parecer fazer parte do grupo em questão, incorporou o espirito da mãe de santo e entrou em transe...


Fotografia 2 - A figurinha que o "povo", neste caso, a "pova", faz!


No regresso a casa, pela Boulevard Montmartre fora, ainda propus jantärmos no "Chez Chartier" (um dos primeiros que foi aqui referenciado no blogue no guia das estrelas morfes do Nery). A proposta não foi bem aceite, com a desculpa de ser muito cedo... Muito cedo... Muito cedo neste fuso horario, pois que, se fosse do outro lado do mundo, ja seria muito tarde!
A caminho de casa, ja na Rue St Martin, deparämo-nos com uma manisfestação. De um dos lados da rua, os manifestantes: gente aos berros, com cartazes, a trajar umas T-shirts mal amanhadas e com uns escritos a corresponder às suas frases de apelo: "Gautier Assassin!"
Do outro lado da rua, gente muito chique, muito fashion e fashionable, a trajar uns trapos de marca e, se possivel, com muitas peles à mistura, contudo, também observämos pessoas que, a julgar pela falta de pano que levavam, devem de estar, neste momento, internadas num qualquer hospital de Paris, num qualquer Serviço de cuidados intensivos, tratados por um qualquer interno estrangeiro, a padecer da pneumonia qua apanharam naquele dia!
Deixo-vos uma fotografia do cenärio.


Fotografia 3 - Do lado direito, os manifestantes "anti-fur". Do lado esquerdo, os manifestantes Gaultierianos "Pro-fur": A prova provada de que este mundo é feito de contrastes!

Chegados a casa, mãos na massa:
Tabelete de chocolate, manteiga, ovos e açucar. Resultado: a minha primeira mousse de chocolate feita alguma vez na vida (ja havia visto a minha mãe a fazê-la, é um facto) e, provavelmente (sorte de principiante), a melhor que alguma vez farei!
Quanto ao prato principal: Azeite de Portugal gentilmente cedido pela casa "Vilanova" (aproveito para fazer publicidade ao site: www.vilanova.be), 1 caldo Knorr (ptuah! Dirä a minha prima "Nice"), cebola congelada, uma lata de legumes pre-cozinhados e uma lata de cogumelos. Deixar cozinhar 5 minutos e juntar o frango. Aguardar mais um pouco (o tempo de falar com o colega/amigo cardiologo Toulousense no skype), juntar agua, deixar ferver, juntar massa, e deixar cozer.
Et donc, voilà! Prato principal e sobremesa feitos!

De seguida, tempo para lavar os pratos. Claro esta que rapidamente me "esquivei" à tarefa!
Apos as lides pos-prandiais, tempo de marchar até à Bastilha, para aproveitar o resto da noite num bar Cubano em Paris.

Bom, o resto, deixo para escrever amanhã!

Bien à vous,
Fil

4 comentários:

Anónimo disse...

"mas porque é que toda a gente que vem ca a casa vem de mala vermelha?" COMO???????????????????????????????

A minha mala é PRETA, ok?!

Só te desculpo a falta de atenção se, para te redimires, confessares publicamente que só não reparaste na minha malinha porque estavas ofuscado com a minha beleza!!!
:-)
(pronto, pronto eu calo-me e vou trabalhar!!!)
Beijinhos,

(hoje é thesse...não está mal de todo! beijinho la tante!)

Anónimo disse...

Agora é progagsi!
Progagsi é giro!!!
(...eu sei, eu sei...trabalhar e calar...)

Beijinhos,

Filipe Nery disse...

Ainda bem que colocas as questões e respondes no mesmo instante! Desculpa, tens razão! Não poderias NUNCA ter uma mala vermelha, vä lä Deus saber porquê!

1/2 disse...

J'ai était une valise noir!
Donc, je ne suis pas une personne .