terça-feira, 31 de março de 2009

Et donc, voilà: a rotina - que bem que sabe!

Caros leitores,

apos este desalinhamento astral que condicionou as adversidades na minha vida no decorrer da semana passada, das quais vos tive ao corrente, eis que chega o momento da bonança, com tudo a "entrar nos eixos" e, nomeadamente, na rotina diaria de: casa - hospital - casa.
Contudo, os dias estão maiores e o sol brilha. De manhã ainda faz algum frio (qualquer coisa como 3°C esta manhã), sendo que, no "après-midi" fica mais quente, qualquer coisa como 15°C: é a loucura, é o Verão!

Nos intensivos de hepatologia, onde amanhã começarei o meu ultimo mês de trabalho, estamos a "meio-gaz". E porquê? Devido às infecções nosocomiais. Primeiro, ha cerca de uma semana e meia atras, o Estafilococos aureus meticilino resistente. Depois, e desde ha uma semana, o célebre Acynetobacter baumanni, que ja matou uma doente... No total de 16 doentes (8 camas de intensivos de hepatologia e 8 camas de intensivos de cirurgia digestiva) 4, estão infectados com este bicho que, além de ser meio ruim, é resistente a todos os mata-bichos que temos ao dispôr. Assim sendo, e por forma a evitar a contaminação de uns pacientes para os outros, tomou-se a precaução de fechar alguns dos quartos, pelo que dos 8 doentes que normalmente temos a nosso cargo cuidamos, de momento, de apenas 6. So admitimos hepatites agudas fulminantes vindas de outros hospitais e doentes para transplante hepatico. Segundo me apecebi, estamos a um doente para fechar a unidade. Ja pensei em passar as mãos por um dos contaminados, não as lavar e ir, de seguida, observar um outro doente... Je rigole!!!
(Mas la que ja me passou pela cabeça, ja!)
Seja como for, e como ando bem disposto, trabalho bem, sem quaisquer problemas.

Na semana passada tive mais duas visitas ca por casa: a visita numero 246 e numero 247 respectivamente, sendo que a numero 246 veio até Paris para, além de gastar um dinheiro monumental em compras, para passar o seu aniversario.
Fui um mau anfitrião e pouco lhes fiz companhia. Chegaram no domingo passado, e fizemos um grande passeio, como de costume. Desta fez foi maior ainda pois, além de termos ido por Marrais fora até à Bastille e depois Ille St Louis, Cité e St Germain, prolongämos o passeio até à Torre Eiffel, sendo que acabämos por voltar de metro, de novo, até St Germain, para comer num restaurante Mexicano que tem uma brasileira à porta, à qual ja tinha prometido voltar, de uma das vezes que passei naquela viela. Não, não pensem os meus queridos leitores que frequento zonas estranhas com ambientes menos proprios. Trata-se de uma das inumeras pequenas ruelas em St Germain, repletas de restaurantes de todas as nacionalidades e mais alguma, sendo que numa das minhas ultimas incursões àquela zona, onde fui jantar com a minha mãe, fomos interpelados pela tal brasileira que falava francês e trabalhava num restaurante mexicano. Enfim... é a torre de Babel!
Segunda feira, mal cheguei do hospital saimos para jantar fora e, Terça-feira, nem cheguei a voltar do hospital...
Assim, deixei as minhas convidadas sozinhas, a aproveitarem Paris e o meu super-espaço de 34 metros quadrados. Quando voltei, 5a feira à noite, ja era tarde. Foi o tempo de cantar os parabéns à meia noite e ir para a caminha.
6a feira, depois do jantar, mais uma jantarada, desta feita, na casa mais velha de Paris, a casa de Nicolas Flamell, o famoso alquimista, que fica aqui mesmo ao virar da esquina, e que recomendo vivamente. Farä parte do "Guia das estrelas morfes do Nery" dentro em breve. Depois do jantar, gentilmente oferecido pela aniversariante (finalmente que alguém me oferece o jantar!!!), fomos a um bar de jazz, também ele perto de casa, onde se esteve francamente bem.
Säbado de manhã, levantei-me, fui comprar croissants simples, com chocolate e torsades para todo o mundo (a Dra Brandoa também dormiu ca em casa), e fugi para a Bélgica.
O resto, ja vocês sabem.

Bonne soirée à tous,
Fil

segunda-feira, 30 de março de 2009

Curto e grosso!

Boa noite.

Hoje serei breve nas minhas palavras, pelo simples facto de que não me apetece escrever (por vezes, tal acontece, também, aos maiores escritores), mas devo fazê-lo para manter os meus caros leitores a par das novidades. Sobretudo se são boas.

A minha mãe teve alta do hospital. Claro esta que ainda sob antibioterapia, precisamente aquela que havia começado antes de ser internada, e encontra-se mais bem disposta. Espero que seja um ponto final nesta "intercorrência" das férias dela e da minha estadia por Paris.

Hoje o dia no hospital correu aparentemente mais rapido do que o habitual, e saï pela primeira vez, em plena luz do dia, fruto da mudança horaria. Viva o Verão que se aproxima!

Em breve escreverei mais qualquer coisa. Vou ver o "Conta-me como foi", que ja leva 2 semanas de atraso no seu visionamento.

Bien à vous,
Fil

sábado, 28 de março de 2009

As novidades da mãe

Caros leitores (e amigos),
aproveito o momento em que Portugal procura marcar golo frente à Suécia, para vos escrever mais umas linhas neste "Relier" conturbado e intermitente.

Eis mais uma semana que agora finda, repleta de sentimentos e emoções, dentro das quais a ansiedade, que acabou por pautar estes dias e limitar, de alguma forma, o meu normal funcionamento mental, laboral, pessoal, etecetera e tal!

Comecemos pela minha mãe. Longe de mim (e dela também), imagina-la internada num Serviço de Medicina Interna (!), e ainda por cima num hospital no estrangeiro (pelo menos reconheço-lhe a noção de chique: sempre que a minha mãe faz alguma coisa tem que ser em grande, e ha-de ter pensado que, para ser internada, mais valia ser num hospital que não em Portugal...)!
Contei-vos a fase inicial da epopeia, da minha vinda à Bélgica, e do inicio da terapêutica antibiotica, na 3a feira à tarde. 4a feira continuou francamente combalida, e estive sempre numa amalgama de sentimentos no sentido da decisão de a levar, ou não, à urgência. Se o diagnostico me parecia o correcto e a terapêutica adequada, faltavam-me outros dados, que são sempre indicador da gravidade da situação, e que so podem ser vistos no hospital, como uma mera saturação de oxigénio ou, até, uma medição simples de pressão arterial. Recorria-me à frequência cardiaca e respiratoria, e esta ultima nunca me deixou propriamente muito descansado... 5a feira de manhã, e virtude da minha mãe continuar febril, resolvi, finalmente, leva-la ao serviço de urgência.
Aqui, a logistica funciona de forma ligeiramente diferente do que em Portugal. O meu cunhado ligou primeiro ao médico de familia (o tal...) que, por sua vez, ligou ao hospital e estabeleceu o contacto. Passados 5 minutos, o meu cunhado voltou a ligar ao médico que lhe deu o nome da médica de referência.
Fomos ao hospital, enträmos no serviço de urgência e... mais parecia uma clinica privada! Não se via, quase, viva alma. Não havia gente nos corredores, aos berros, maquinas a apitar ou cheiros nauseabundos no ar. Fomos gentilmente recebidos, e a minha mãe entrou directamente para um bom consultorio. Deram-lhe uma camisa do hospital e, logo a seguir, e sem antes ser observada pelo médico, a enfermeira fez-lhe um ECG, registou parâmetros vitais (fiquei logo mais descansado por ver uma TA=110/80mmHg, uma FC=86bpm (apesar dos 39°C de temperatura) e uma SO2=95% a ar ambiente), colheu sangue (nomeadamente hemoculturas), pôs-lhe o célebre "sorinho" a correr e, logo de seguida, um paracetamol IV. Dali a 5 minutos chegou o médico, caro colega com ar de interno. Simpatico e meio intimidado pois, naquela altura, e sem eu ter dito nada ja todo o mundo sabia que eu era médico, internista (!) e a trabalhar num hospital em Paris (chique, heim?). Fez-lhe o exame fisico, gasimetria de sangue arterial (fiquei ainda mais descansado depois de ver que não tinha insuficiência respiratoria, apenas uma hipoxemia ligeira), saiu do consultorio e não disse nada. Logo a seguir vieram buscar a paciente para fazer o Rx de torax.
Passados 10 minutos, uma enfermeira veio perguntar se queriamos um quarto individual, para 2 ou 4 pessoas. Claro esta que nos apercebemos, naquele momento, que iria ficar internada. Fui falar com o médico, que me mostrou o Rx, e la estava a dita cuja da penumonia lobar inferior direita, muito intersticial, sem derrame pleural. Não soube, nem sei, os resultados das colheitas de sangue.
O médico disse que iria continuar a fazer o antibiotico (Augmentin), mas por via endovenosa. Falei-lhe do motivo pelo qual tinha associado a claritromicina ao Augmentin, e pela suspeita de agente atipico. Literalmente não me ligou bolha. Perguntei se não iam fazer pesquisa do antigénio da Legionella na urina. Fugiu à resposta.
A minha mãe la subiu para o internamento, onde ficou num quarto com uma outra senhora octagenaria, com muito ar de doença pulmonar cronica e... caso social (também os ha na Bélgica!!!)! Simplesmente porque não tem ninguém para tomar conta dela, ja que mora(va) sozinha (ca como la...).
Entretanto passei o resto do dia à espera da dita médica que era suposto ter observado a minha mãe. Ja tinha, inclusive, vindo buscar, a casa da minha irmã, o outro antibiotico para a minha mãe o continuar a tomar, nem que fosse às escondidas! Ao final da tarde, fui, com a minha irmã, à procura da médica. La a enconträmos, e la veio ela observar a minha mãe. Esperämos fora do quarto. Saiu do quarto com o estetoscopio sobre os ombros, e a dizer "pois... é uma pneumonia!" Et, donc, voila! Como se ja eu não soubesse aos dias... Depois veio a parte de a tentar convencer a fazer cobertura para os atipicos. Finalmente consegui levar a agua ao moinho, e não foi preciso a minha mãe tomar o antibiotico às escondidas, esta a fazê-lo mesmo às claras!
Ë de esperar uma defervescência da febre, numa pneumonia não complicada, nas primeiras 48-72 horas apos o inicio da toma do antibiotico. Claro esta que ontem, no dia imediatamente a seguir ao seu internamento, ja se encontrava melhor, pois ja era o terceiro dia de terapêutica.
5a feira à noite voltei a Paris. A minha mãe estava "entregue", e eu podia sossegar um bocadinho mais. Apesar de ter perdido o TGV das 20 horas por 1-2 minutos, e ter de esperar 2 horas pelo seguinte, cheguei são e salvo a casa (Paris), por volta da meia-noite. Ontem trabalhei, com a cabeça longe, bem longe...
Hoje voltei à Bélgica. Estive com a minha mãe, e constatei melhorias. Esta com outra "cara", mais bem disposta e faladora. A médica diz que o estudo analitico esta melhor e, como não poderia deixar de ser, auscultei a minha mãe. Apesar de ainda ter sinais de condensação pulmonar, esta melhor.
E bom, foi esta a peripécia da semana. Amanhã ao final do dia voltarei para o meu canto de 34 metros quadrados em Paris, e irei encontrar, com toda a certeza, a minha "Passagem" muito bem decorada, cheia de flores e vasos novos (era o trabalho que iam ter durante o fim-de-semana).
Seja como for, ainda tenho para vos contar a noite de ontem, de aniversario da minha ultima hospede em Paris (não fui um grande anfitrião, desta vez, é um facto...). Fica para a proxima.
Hoje muda a hora. Sorte do colega que faz urgência à noite: vai trabalhar menos uma hora, e vai ganhar como se a tivesse feito!

Bien à vous,
Fil

PS: Sempre que os meus caros leitores resolvam fazer uma viagem ao estrangeiro passem, antes, pela loja do cidadão, e peçam o cartão internacional de utente. A minha mãe fez isso e olhem o jeito que deu...

quarta-feira, 25 de março de 2009

A mãe...

Caros leitores, o "Relier" mudou de destino.

Não de endereço web ou para um pais exotico, mas para a Bélgica, onde me encontro desde ontem ao fim da tarde, apos um "apelo" e uma necessidade de ver a minha mãe que por aqui ainda se encontra, e que teria a sua viagem de regresso planeada para o Porto hoje mesmo.
Passo a explicar.
O destino, seja la o que isso for ou a definição que encontrarem na "wikipédia", é algo de estranho e contra o qual pouco podemos fazer, ja que ele nos "da as voltas" com uma capacidade estranha e fora do normal. Assim, estava predestinado, ha cerca de 2 meses, uma passagem, da minha mãe, de uma semana por Paris e de outra semana pela Bélgica. Fizemos reserva da viagem de 10 a 25 de Março. A primeira data foi mudada por um feliz acaso do destino, ja que, como aqui deixei referido, a minha mãe veio 15 dias mais cedo para a Bélgica para tomar conta dos netos, fruto de uma viagem da minha irmã e cunhado à América (o que gosto desta palavra...). E assim foi: passou os primeiros 15 dias em Marialoop e, de seguida, tomou rumo à capital mais visitada do mundo, para passar uns dias com o seu filho. Na 5a feira passada voltou à Bélgica, onde contaria passar um bom bocado extra, e "descansar" das caminhadas que deu por Paris, até ao dia de hoje, em que voltaria para o nosso cantinho à beira mar plantado, e para junto do meu pai.
Se a primeira viagem foi trocada por um evento que apenas traduzia felicidade e bem-estar, a viagem de hoje foi adiada por motivos nada agradaveis, e que me conduziram, ontem, até paragens Belgas.
Desde ha uns tempos que a minha mãe andava com tosse, sintomas respiratorios altos, mas bem disposta. Andou bem por Paris. 6a feira passada, começa a "crise": febre e mialgias, muitas mialgias e, apesar de tudo, uma ligeira melhoria da tosse, assim como uma quebra do estado geral importante.
Se a minha mãe estivesse em Portugal ou até em Paris, saberia o que haveria de fazer. Na Bélgica, tornou-se um bocadinho mais complicado. Domingo pedi à minha irmã para arranjar um antibiotico que cobrisse agentes "atipicos". Como é logico, a minha irmã não consegue, do "pé para a mão", arranjar medicamentos sem receita médica. A minha mãe ajudou à festa, desvalorizando os sintomas e dizendo "isto não é nada, é uma gripe...". Segunda feira veio o médico a casa. Ë o médico de familia, aparentemente muito simpatico. Viu a minha mãe, auscultou-a, fez exame ao "xixi" e, no final disse: "Ë virico" - claro esta que disse isto em Neerlandês, sendo que sou incapaz de o escrever naquele idioma. Receitou-lhe Aspegic, e disse que demorava uns dias a passar.
Ontem de manhã, em Paris, e acometido por um impulso, e antes de sair de casa, pensei: vou levar os antibioticos que tenho na minha pasta. E assim foi.
Cerca do meio-dia liguei à minha mãe. Estava combalida, com uma voz doente.
Foi ai que decidi, vou à Bélgica.
Disse no hospital que tinha que sair e expliquei os motivos. Claro esta que ninguém disse que não.
Fui directo à Gare du Nord, tinha TGV dali a 20 minutos, e la vim para a Bélgica. Ë, de facto, a grande vantagem de se estar num local central como Paris.
Cheguei ca a casa com um presente para a minha mãe, que comprei em Lille enquanto esperava pelo meu cunhado. Lembro-me bem de estar doente, quando era pequenino, e a minha mãe, de cada vez que saia à rua, voltava com algum brinquedo novo, ou uma guloseima. Sabia bem, e fazia melhor do que qualquuer medicamento.
Vi a minha mãe, e examinei-a, quando parei na auscultação pulmonar e ouvi crepitações medio-basais direitas. Conclusão: a minha mãe estä com uma pneumonia. Resolvemos não ir ao hospital (o que me aperta o coração, ja que estou habituado a socorrer-me de todos os exames e mais alguns) dado o adiantado da hora, e pelo facto do meu cunhado dizer que, àquela hora não lhe iriam fazer nada, nem sequer um Rx de torax, e que ficaria internada à espera do dia de hoje. Assim, comecei de imediato os antibioticos, para cobrir agentes tipicos e atipicos (viagens de avião, aeroportos, ares condicionados, enfim...). Agora, aguardamos que o "mata-bicho" faça efeito.

Ficarei aqui, pelo menos, até amanhã, na esperança que rapidamente veja melhoras no estado da minha mãe.

Rapidas melhoras, mãe.
Beijo, com amor,
do teu filho,
Fil

domingo, 22 de março de 2009

Domingo de manhã.

22 de Março de 2009:

Segundo dia de Primavera e, não estando a chover nem com aspecto de que tal venha a acontecer no decorrer do dia, estä cinzento. Talvez um pouco menos fresco do que nos dias anteriores (com minimas de 1 e 2°C), o que, apesar da falta do astro-rei a brilhar nos céus e a morenar a minha careca, torna este segundo dia de Primavera num dia propicio para o passeio.

Assim, acordei cedo (com despertador...) e... Não, não fui passear, mas sim cultivar-me um pouco mais neste mundo de ciência que é a hepatologia. Passo a explicar. Desde 5a feira que decorre, no Palacio de congressos de Porte Maillot, um congresso, de seu nome "Journées Francophones d'Hépato-gastroentérologie et d'Oncologie Digestive", e que termina no dia de hoje. Fui apenas na 6a feira ao final do dia assistir a uma meia duzia de palestras e hoje de manhã, ja que, como espero novas visitas (que deverão chegar a qualquer momento), tive de sair um pouco mais cedo do que o desejavel. Contudo, assisti ao que pretendia, nada mais nada menos do que uma palestra magistral dada pelo meu actual director de Serviço. O senhor tem, de facto, o dom da palavra, e faz parecer que tudo afinal é simples e de facil compreensão. O tema visado foi "Tumores benignos do figado - hiperplasia nodular focal e adenomas" sendo que, ha outros, mas que não eram tema na apresentação.
Assim, ja tive a minha "banhada" de ciência matinal, mas que até soube bem.

Agora, espero a proxima "leva" de visitas, a chegar dentro de minutos. Acabei de receber uma chamada a dizer que ja estavam a caminho de casa, no RER linha B. Julgo que hoje sera o dia da "volta dos tristes", mas que é a volta que mais gosto de fazer, em que passamos por quatro cartiers diferentes, e caminhamos, caminhamos e... caminhamos.

Dentro em breve uma amiga parte para Barcelona, cheia de expectativas, rumo a um estagio de meio ano, também ele na area da hepatologia. Esta ansiosa por partir e deixar os problemas santo antoninos para tras. So espero que não encontre problemas barçolonenses pela frente...

Vou sair.
Bien à vous,
Fil

sexta-feira, 20 de março de 2009

O post hebdomadaire

São dois, e apenas dois, os grandes motivos que podem levar esta espécie de escrivão a não cumprir as suas "obrigações" quase diarias, de deixar, para a posteridade, as suas memorias durante a estadia em Paris (e ja la vão uns longos cinco meses), bem como de manter os meus atentos e persistentes leitores a par do que se vai passando pela cidade-luz.
Um dos motivos, é a depressão profunda em que de vez em quando caio devido ao trabalho ou, melhor, à forma de trabalhar (é sempre bom dar um toque de exagero...) destes meus anfitriões; o segundo motivo, prende-se, naturalmente, com os convidados, visitas, ou aquilo que lhes queiram chamar (menos nomes feios, ja que se tratam de familiares e amigos) que me fazem companhia quase diariamente em minha casa. No final da minha estadia por Paris, ainda hei-de fazer o "bilan", no sentido de saber, na realidade, quantos foram os dias em que fiquei realmente sozinho.
Assim, o motivo pelo qual não vos escrevi durante toda a semana, foi um pouco da combinação dos dois.
Por um lado, a visita da minha progenitora, que merece cada uma das letras da palavra mãe. Por outro lado, uma semana perfeitamente absurda em termos de trabalho no hospital. Quanto à segunda parte da questão, prefiro ja nem falar dela. Apenas asseguro a todos os meus leitores, que se trabalha, de facto, muito bem em Portugal (pode-se publicar menos, é um facto, pelo facto de se trabalhar mais no terreno...) e que, não aconselho ninguém que tenha um qualquer problema de saude, nem que seja uma unha encravada do 5° dedo do pé esquerdo, a vir trata-la a um hospital Francês. Ainda vos calha um hepatologista no Serviço de Urgência, e é uma chatice... Seja como for, e como diz a minha advogada, "so neste pais é que poderiam deixar morrer a princesa Diana!".
Assim, aproveito para relatar um pouco os eventos da semana, na companhia da minha mãe.
Os dias, passou-os ela na sua comunhão com Paris, a desfrutar do inicio da Primavera, das manhãs ainda bem frescas e dos dias mais solarengos. Passeou-se por estas ruas da cidade, viajou numa das "Vedettes du Pont Neuf" pelo Sena, fez compras, e desfrutou daquela que é uma das cidades da sua memoria e da qual tanto gosta. Julgo que, no total destes meus 5 meses de estadia em Paris, a minha mãe deve-me ter feito companhia durante cerca de 1 mês (deve ter passado um outro mês por terras de Marialoop - Bélgica, e os restantes 3 meses em Portugal). Como podem ver, é a grande vantagem que a reforma traz às pessoas e, o essencial, é as pessoas saberem goza-la da melhor maneira, fazendo as coisas que lhes dêem mais prazer.
Ontem, num dos seus passeios, e aqui bem perto de casa, presenciou uma grande manifestação a proposito da greve geral que teve lugar em França - a segunda desde que ca estou. Meteu conversa com os manifestantes e tudo, e ainda ouviu dizer da voz de professores universitarios, que em Portugal esta tudo bem melhor do que em França... Depois, e nunca deixando de me surpreender (depois de ter conduzido sozinha o carro da minha irmã, na Bélgica, por ruas e cidades nunca antes por ela atravessadas, tudo é possivel!), tirou umas fotografias bem engraçadas com a maquina que lhe pus à disposição, e que deixo aqui no blogue, para a posteridade, e com a sua autorização.






As noites estavam por nossa conta. Noite sim, noite não, iamos comer fora. Claro estä que, quando comiamos em casa, a comidinha era caseira, e confeccionada pela propria mestre de culinaria. Ainda sou capaz de me recordar do cheirinho a "Lapin au vin rouge" que cozinhou no segundo dia em que ca esteve, quando abri a porta da rua, vindo do hospital... Se eu fosse cão, e de Pavlov, começava a salivar. Alias, apesar de não ser nem uma coisa nem outra, julgo que ja o estou a fazer!
Assim, fomos jantar ao "Le Procope", um restaurante que estä nos guias de Paris, e que fica numa rua perpendicular à Rue St André des Arts, fomos ao Georges (não poderia deixar de passar a ocasião para levar a minha mãe a tal "fantabulastico" restaurante), a um restaurante Italiano e a um outro tipo Bistrot, para os lados de St Germain.
Fiquei a conhecer, no domingo passado, La Défense - cidade futurista que nada tem a ver com o resto da cidade de Paris, contruida como se de um grande escritorio se tratasse, e com os restaurantes e respectivo shopping a servirem de apoio ao grande escritorio, como se de uma cantina para milhares de funcionarios se tratasse. Ë um espaço interessante, apenas e so tomando em conta a diferença arquitectonica, e como forma de comparação com resto da cidade de Paris. E, depois, o pior. Parece, como um cancro com alto poder de invasão, que se alastra lentamente para as areas circunjacentes, pelo que se vê uma série de prédios, grandes edificios envidraçados a tomar o lugar de casa mais antigas e baixas que ocupavam recentemente os "arredores" de La défense.
De La Défense, não tirei fotografias, porque não levei maquina. Contudo, vou deixar aqui uma ou outra fotografia tirada pela prima que, por terem sido tiradas também, com a minha maquina, têm os seus direitos de autor repartidos com a minha pessoa.
Como os meus caros leitores ja repararam, quem me visita tem direito não so a um tecto, como também a agua, comida, roupa lavada e, também, a maquina fotografica.





Pois bem, a minha mãe foi-se embora hoje, não para Portugal, mas para a Bélgica, o que deixou o meu sobrinho deveras confuso. Para ele, apos a permanência de quase 15 dias da avo no seu domicilio a fazer de babysitter, com a passagem à posteriori por Paris para visitar o tio, não fazia qualquer sentido a sua segunda mãe passar de novo pela Bélgica.

Em breve terei mais gente em casa, em breve deixarei de as ter, em breve estarei no Porto, e em breve terei o "Relier" para recordar.

Bien à vous,
o vosso, o mesmo, o de sempre,
Fil

sábado, 14 de março de 2009

O post que ficou por escrever e a Funny

Salut!

Finalmente um fim-de-semana por minha conta, e qual seria a melhor maneira de o começar, que não aqui, sentado ao computador, a escrever umas linhas no "Relier" que, coitadinho, ja esta a ficar cansado e velhinho? Ja pensei, no final, em imprimi-lo, ir nadar para a praia de Miramar com ele na mão, fingir-me afogar et... donc, voilà! Lusiadas parte II um best-seller garantido para os proximos 5 séculos!

Bom, começo por vos falar do domingo da semana passada. Em virtude do adiantado da hora da saïda do bar da Bastilha no sabado à noite, a Dra Brandoa ficou ca em casa a dormir. Assim sendo, domingo de manhã, saï à rua para comprar "pain aux chocolat" para 3 pessoas. Ë algo que faço quando tenho gente em casa aos fins-de-semana e que me sabe, como a minha avö diria, "pela vida"!
Deixämos a Dra Brandoa na estação do metro, e eu e a Dra mioleira prosseguimos caminho por Paris fora. Louvre, Jardin des Tuilleries, e Rivoli, muito Rivoli. No regresso a casa, ja pela Rue St Honoré, passämos por um restaurante que nos pareceu interessante, pelo que decidimos voltar, mais à noitinha, para um repasto, repasto esse que terä lugar aqui, em mais uma rubrica:

"O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES"

RESTAURANTE: Livingstone
ENDEREÇO: 106, Rue Saint Honoré, 75001 Paris
AMBIENTE/ DECORAÇÃO: 4,7 - Completamente diferente da decoração do Kong, ao qual atribui a mesma pontuação. Decorado com tons escuros, muito preto, castanho e prateado, combina padrões diferentes, com "ares" de selva. Neste restaurante, são capazes de combinar o padrão de zebra, com o de leopardo e o de tigre, na maior das harmonias, assim como "armaduras", e verdadeiras, de diferentes animais. O chão é de alcatifa escura, e existem dois tipos de mesas: baixas e quadradas e altas e redondas. O espaço é pequeno e muito acolhedor, com uma luz "baixa", mas perfeitamente suficiente. O restaurante é tailandês, ou pretende sê-lo, no espirito, mas em pouco se repercute no ambiente. Apela aos 5 sentidos, tal como esta bem representado no seu sitio na internet.

SERVIÇO PRESTADO/ ATENDIMENTO: 4,5 - Não foi necessaria reserva, mas às 20h em ponto estavamos a entrar no restaurante (hora de abertura) e, aparentemente, so teriam 3 mesas não reservadas. A funcionäria que nos atendeu, muito simpatica, mais parecia ser a dona "do pedaço", como diriam os brasileiros. Alta, loira e gira, falou num inglês impecävel com a Dra mioleira, o que não é nada habitual por estas terras. Um serviço eficiente, em que não esperämos tempo em demasia entre os pratos, atendidos com simplicidade e boa disposição.

COMIDA: 4,85 - Começa a ser complicado dar notas mais baixas, nomeadamente porque dei notas demasiado altas anteriormente, a outros restaurantes e, por exemplo, comparando com o Benoit, julgo o Livingstone melhor, mas comparando com o Georges julgo-o quase (e veja-se bem o "quase") ao mesmo nivel, o que faz com que comece a dar pontos com casas centesimais.
Começämos por um aperitivo, Martini Rouge para o monsieur e Martini Blanc pour la damme. Eu comi, de entrada, uma "Soupe de Crevettes" que estava espectacular. Seguiu-se um "Pad See Yew", que não era mais do que uns "noodles" com camarão, muito bem confeccionado, tendo terminado com un "Carpaccio d'ananas Frais". Toda a comida tinha uma apresentação excelente e sabores exoticos, com condimentos muitos orientais. O vinho, "Leopards Leap" era tinto e igualmente bom. A Dra mioleira ja esta, no Porto, e com os seus conhecimentos vastos, no mundo da beberagem, a fazer inspecção de mercado, no sentido de encontrar o paradeiro do Leopardo por terras Lusitanas. Vamos la a ver se o encontra...

RELAÇÃO SERVIÇO/ PREÇO: 4 - Um bom serviço, uma boa comida, e um preço idêntico a todos os outros: 63,5 Euros. Até vou achar estranho, quando voltar ao Porto, e atenção que ja não falta muito, pagar metade (e ja vou achar que é um roubo - ?! -), e as doses servirem para 2 pessoas!

Total:4,51. Passou à frente do Kong, e ocupa, neste momento, o 2° lugar do ranking de "O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES". Relativamente ao Kong, prima por um melhor serviço e atendimento, o que faz, no imediato, que tenha mais pontos em dois dos itens a pontuar.

Entretanto a Dra mioleira foi embora, e estive por minha conta e risco durante dois dias, até chegar a minha mãe, na 4a feira passada. Ë sempre uma extraordinaria companhia. Claro estä, que veio para Paris, literalmente, passar férias, e porquê? Porque esteve, na semana anterior, na Bélgica, a fazer de babysiter aos seus netos, enquanto a minha irmã e cunhado foram passear para os Estados-Unidos. Diz ele que foi em congresso e eu... finjo acreditar! Entretanto, o meu pai, tirou também um mês de férias da familia, e ficou a tratar da cadelinha que, velhinha (tem 16 anos), precisa de quem a leve 4 vezes à rua por dia, ja que a sua capacidade de retenção vesical não lhe permite aguentar as ditas àguas por muito tempo...

A nossa cadela (Funny, de seu nome) fez, no passado dia 15 de Fevereiro, 16 anos. Recordo-me perfeitamente de chegar eu e a minha irmã a casa, apos um treino, numa 4a feira, e vermos aquela miniatura de ser vivo a fazer uma festa enorme àqueles desconhecidos, e que iriam ser a sua companhia durante uns anos largos. A Funny esteve sempre presente nos melhores e piores momentos da familia, entre sorrisos, risos e choradeiras, sempre soube estar caladinha e guardar os maiores segredos. Sempre soube dar a "lambidela" na altura certa e abanar a cauda quando tal era esperado.
Nos seus primeiros anos de vida, e quando chegava o Inverno, instintivamente indicava, com a sua cabecita, o rumo da "ala" dos quartos, e la ficava a dormir. No seu primeiro (e não me recordo se no seu segundo) ano de vida, dormia comigo na cama (eu, que sempre fui alérgico a tudo, fiz, naquele momento, a minha dessensibilização). A partir dali, e dado o facto de ocupar mais espaço na cama do que eu, passou a dormir no meu quarto, mas na sua caminha. Desde ha uns anos a esta parte que a Funny dorme na cozinha, sendo que no Inverno temos o devido cuidado de a cobrir com cobertores, não va o pobre do bichinho ter frio à noite. Claro esta que a minha mãe é que sempre foi sofrendo com o facto, pois era queixa quase diäria, a quantidade de pêlo que a Funny deixava pelas carpetes e por tudo quanto era lado.
A Funny esteve presente na minha entrada e saïda da faculdade. A Funny passou férias em Espanha, no Algarve, na Bélgica e em inumeros turismos de habitação por esse Portugal fora. A Funny viajou de avião e não gostou, apesar de ir ao nosso lado (vantagem de so pesar 3 kg).
A Funny tirou não uma, nem duas, nem três, mas 5 mamas, em 3 cirurgias diferentes. No ano passado, a Funny esteve mal, muito doente. Tinha um abcesso uterino. Foi operada, mais uma vez, esteve internada, fez antibioticos e ficou bem.
Agora, a Funny esta velhinha. Não ouve, e ninguém da por ela durante o dia, a não ser à hora da refeição, o seu momento alto do dia, em que ladra, ladra e ladra como se descarregasse, naquele momento, toda a tensão acumulada ao longo do dia.
Até da Funny tenho saudades! Deixo-vos, aqui, uma fotografia do dia em que fui Campeão Nacional de Juniores de Triplo-Salto, em 1997 (ainda tinha cabelo) e a Funny, como não poderia deixar de ser... estava la!
Fica aqui a minha homenagem à Funny, que sempre esteve la quando foi preciso...




Bien à vous,
Fil

terça-feira, 10 de março de 2009

Je suis epuisé...

Saï do hospital ja tarde, bem tarde. Meti-me no metro, saï do metro, subi a escadaria e entrei no supermercado. Corri pelas escadas fora e subi até ao primeiro andar. Peguei em 2 sumos de fruta, numa pizza para micro-ondas, e numa sobremesa doce para o jantar. Paguei. Desci à rua e andei num passo ligeiro rumo à viela onde habito.
Marquei um codigo, dois codigos. Abri a caixa do correio, e voltei-a a fechar no mesmo instante. Os panfletos de publicidade teimam em empilhar-se uns sobre os outros, e eu, na minha teimosia geminiana, deixo-os la ficar, dia apos dia.
Subo as escadas ao 2° andar, e faço o ritual que ja aqui deixei descrito. Complementei a pizza com o resto do queijo ralado que ainda tinha em casa, e deixei-a cozinhar 3 minutos no micro-ondas. Comi. Falei com a mãe, e não falei com o pai pois ja não estava "online". Vi os mails, tomei banho, deitei-me na cama e vi o "Conta-me como foi" de ha 15 dias aträs.
Ja com pouca vontade, decidi vir ao "Relier" descrever estes meus ultimos passos do dia antes de me deitar e esperar por Morfeu.

Je suis epuisé...

Bien à vous,
com saudade,
Fil

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sexta-feira e sabado, o resumo.

Caros leitores,

Escrevo-vos a ouvir um CD de musica que a minha prima "Nice" me trouxe de Portugal: "Deolinda - canção ao lado", e logo apos ter recebido uma mensagem da ultima hospede da "Pensão - Casa da mãe Joana" a dizer que chegou sã e salva, a porto seguro.

Não ha nada como ter gente em casa para desanuviar a cabeça, pensar em coisas triviais e conhecer um bocadinho mais de Paris, quanto mais não seja, de um ou outro "boteco" onde se possa comer e gastar mais uns euros da minha ja desfalcada conta bancaria.

Comecemos pelo incio, que é sempre um bom sitio para começar...

6a Feira
Ja sabem que tive a minha terceira (e espero que ultima) apresentação no Serviço. Na realidade, de todos os internos, fui eu quem apresentou, até ao momento, mais vezes, os casos clinicos e a respectiva discussão. Vou à frente com 3 apresentações, seguido de perto pelas colegas Bulgara e Tunisina com 2 apresentações cada uma e, no final da corrida, os colegas Senegalês e Francesa.
Correu bem a apresentação do caso, bem como a sua discussão e respostas às questões colocadas.

A minha ansiedade pelo terminus do dia, residia no facto de que a minha proxima hospede, ja em Paris desde as 12 horas, fazia-se passear pelas ruas desta cidade com a sua malinha de viagem vermelha (mas porque é que toda a gente que vem ca a casa vem de mala vermelha?). Teve de esperar até perto das 20 horas para que alguém, neste caso, o vosso proprio narrador, lhe abrisse as portas de casa.
Deparou-se com uma casa caotica, com o estendal e respectiva roupa no meio da sala, cozinha meia arrumada, cama por fazer, enfim... Valha-nos o facto de ter tido a dignidade de dar uma limpeza rapida (mas eficaz) na casa de banho, e agradeço a todas as alminhas o facto de ter escolhido uma casa com um wc com uma area util de deslocação de 30 cm quadrados... Contudo, em 5 minutos, arrumei o estendal, atirei a roupa para dentro do armario e puxei o edredão para cima. Et donc, voilà! Uma casa "impec"!
Claro estä que tinhamos de sair, e assim foi: fomos dar uma volta pelos caminhos desta cidade, e jantämos fora (estou ha 5 minutos a tentar lembrar-me onde, e sou incapaz!!!)

Säbado
8:45 - 13:45 Hôpital de Beaujon, Serviço Réa hépato. 8 doentes para mim. A especialista chegou pouco passava das 10 horas, deu-me uns "bons dias" - em Francês, claro estä! - com o seu ar mais repousado possivel de quem dormiu 10 horas seguidas, e perguntou-me se eu precisava de alguma coisa. Obviamente que lhe respondi: "Por aqui?! Não estava a contar contigo! Obrigado, não preciso de nada!". Assim sendo, e dada a minha resposta tão concreta, a gentil dama sentou-se frente ao computador a ver locais para uma futura viagem. Ao meio-dia e pouco, ligou-me do seu gabinete a perguntar se eu precisava de alguma coisa (mais uma vez foi gentil). Ao que lhe voltei a responder que não, muito obrigado, e acrescentei "Quando quiseres podes ir embora!". Naturalmente que ela não disse que não, e não lhe pus mais vezes os olhos em cima. Pouco passava das 13h quando chegou o colega de "garde". Foi o tempo de lhe fazer a "transmissão de testemunho", que é como quem diz, dos doentes, e vir-me embora. Ë, de facto, extraordinario como fica um interno responsavel por uma unidade de cuidados intensivos...

14:20 - Monoprix. Passei pelo ja conhecido supermercado dos meus caros leitores antes de chegar a casa, pois precisava de géneros fundamentais, não de sobrevivência no sentido da compra de combustivel para vivermos, vulgo, comida, mas sim para não cheirar mal, que é como quem diz: papel-higiénico, pasta dos dentes e outra-coisa-qualquer-da-qual-ja-não-me-recordo. Contudo, maldita a hora em que passei por uns morangos transgénicos e baratos: 500mg de morangos=1,99Euros! Eram grandes e, um deles, parecia um grande nariz enrugado e idoso. Pensei eu: "Que ricos morangos! Isto ia mesmo bem com um chocolate quente!" Vai dai, do chocolate quente à mousse de chocolate é um instantinho. E, se se vai fazer a sobremesa, porque não fazer a refeição por inteiro?
E assim foi. Acabei por comprar os ingredientes necessarios para fazer o prato principal e a respectiva sobremesa que tinha dado o mote para a realização de tão elaborada refeição!

Chegado a casa, liguei à Dra Brandoa a perguntar se não se queria juntar a nos, em Montmarte e, depois, para um jantar caseirinho na "Pensão - casa da mãe Joana". Claro estä que a resposta nunca poderia ser negativa!


Fotografia 1 - Escada do calvärio - Subida ingreme de acesso ao Sacré-coeur.


Eu e a Dra mioleira fomos a pé por esses caminhos fora até Montmarte, não sem antes pararmos para almoçar, às 16h, um croque monsieur (pour la dame), e um croque madame (pour le monsieur). Continuamos caminho, e la nos encontämos com a Dra Brandoa no alto de Montmarte, em frente ao Sacré-coeur. Ainda nos demorämos um pouco na escadaria a ouvir um guitarrista a cantar (e a tocar, claro estä), acompanhado pela não menos vistosa mulher d'azul que, sem nos parecer fazer parte do grupo em questão, incorporou o espirito da mãe de santo e entrou em transe...


Fotografia 2 - A figurinha que o "povo", neste caso, a "pova", faz!


No regresso a casa, pela Boulevard Montmartre fora, ainda propus jantärmos no "Chez Chartier" (um dos primeiros que foi aqui referenciado no blogue no guia das estrelas morfes do Nery). A proposta não foi bem aceite, com a desculpa de ser muito cedo... Muito cedo... Muito cedo neste fuso horario, pois que, se fosse do outro lado do mundo, ja seria muito tarde!
A caminho de casa, ja na Rue St Martin, deparämo-nos com uma manisfestação. De um dos lados da rua, os manifestantes: gente aos berros, com cartazes, a trajar umas T-shirts mal amanhadas e com uns escritos a corresponder às suas frases de apelo: "Gautier Assassin!"
Do outro lado da rua, gente muito chique, muito fashion e fashionable, a trajar uns trapos de marca e, se possivel, com muitas peles à mistura, contudo, também observämos pessoas que, a julgar pela falta de pano que levavam, devem de estar, neste momento, internadas num qualquer hospital de Paris, num qualquer Serviço de cuidados intensivos, tratados por um qualquer interno estrangeiro, a padecer da pneumonia qua apanharam naquele dia!
Deixo-vos uma fotografia do cenärio.


Fotografia 3 - Do lado direito, os manifestantes "anti-fur". Do lado esquerdo, os manifestantes Gaultierianos "Pro-fur": A prova provada de que este mundo é feito de contrastes!

Chegados a casa, mãos na massa:
Tabelete de chocolate, manteiga, ovos e açucar. Resultado: a minha primeira mousse de chocolate feita alguma vez na vida (ja havia visto a minha mãe a fazê-la, é um facto) e, provavelmente (sorte de principiante), a melhor que alguma vez farei!
Quanto ao prato principal: Azeite de Portugal gentilmente cedido pela casa "Vilanova" (aproveito para fazer publicidade ao site: www.vilanova.be), 1 caldo Knorr (ptuah! Dirä a minha prima "Nice"), cebola congelada, uma lata de legumes pre-cozinhados e uma lata de cogumelos. Deixar cozinhar 5 minutos e juntar o frango. Aguardar mais um pouco (o tempo de falar com o colega/amigo cardiologo Toulousense no skype), juntar agua, deixar ferver, juntar massa, e deixar cozer.
Et donc, voilà! Prato principal e sobremesa feitos!

De seguida, tempo para lavar os pratos. Claro esta que rapidamente me "esquivei" à tarefa!
Apos as lides pos-prandiais, tempo de marchar até à Bastilha, para aproveitar o resto da noite num bar Cubano em Paris.

Bom, o resto, deixo para escrever amanhã!

Bien à vous,
Fil

sábado, 7 de março de 2009

O verdadeiro poder de sintese!

Apos um dia de trabalho, de passeio em Montmarte e de mousse caseira com morangos, preparo-me para sair para a noite parisiense na Bastilha.

Viva Paris e as pessoas que me visitam para abrilhantar esta minha estadia!

Até amanhã, com a promessa de uma escrita mais completa,

Bien à vous,
Fil

sexta-feira, 6 de março de 2009

3000!

O visitante numero 3000 do "Relier", que se acuse!

pode ser que venha a ter uma surpresa... Quem sabe uma vinda a Paris, heim?

Bien à vous pela segunda vez esta madrugada,
Fil

Epilogo

Não poderia deixar de registar aqui, no "Relier", o momento do términus da preparação da apresentação para amanhã.
Começo a não saber fazer ou pensar noutra coisa que não seja "figado" pois que, esta semana, além das 11 horas diarias enfiado no hospital, ainda chego a casa, como pão que compro a caminho de casa, no Monoprix, junto-lhe o queijo e fiambre que a minha irmã gentilmente deixou ca em casa na sua ultima vinda a Paris ha cerca de 15 dias (ainda estão dentro do prazo de validade), faço umas sandes com batatas fritas springles e aï vai desta: degluto tudo em 5 minutos, faço as chamadas da praxe: pai em Portugal, mãe na Bélgica e irmã nos Estados Unidos (estä neste momento a fazer o seu voo de regresso para a Bélgica), e deito mãos à obra. Quanto mais se lê, mais parece que menos se sabe, tantos são os artigos e as novidades que surgem a proposito do tema que abordei.

Enfim... vou para a cama que ja é tarde.
Tenho a minha casa de 34 metros quadrados um caos, com o estendal aberto na sala cheio de roupa em cima, papeis por todo o lado, e visitas que chegam amanhã. Que se lixe! Ë a lei da entropia! Amigos que são amigos também o são para as ocasiões, pelo que ja avisei a minha proxima locataria que vai ter paciência, mas vai pegar no esfregão e vai ter de limpar o chão!

Com esta me fico,
bien à vous,
Fil

PS: Amanhã tenho mesmo que ir às compras: ja nem pacotes de sopa instantânea tenho!!!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Fechado para obras!

Meus caros leitores,
encontro-me, de momento, conforme a imagem assim o descreve.



Na proxima 6a feira terei mais uma apresentação na reunião de Serviço e, desta vez, sobre colangite esclerosante primaria, cancro da vesicula e excepções ao MELD. Podem consultar a internet e tirar as vossas proprias conclusões. Não vos desejo nem uma coisa nem a outra!
Assim, e apos os 2 minutos de pesquisa da imagem (naturalmente plagiada de um outro blogue que, por sua vez, plagiou de outro blogue e por ai adiante) mais os 3 minutos de escrita deste "post", volto ao estudo.

Bien à vous,
até breve,
Fil

domingo, 1 de março de 2009

A resenha semanal, feita com fotografias!

Meus caros leitores, as minhas saudações!

Mais um fim-de-semana que se passou, mais um mês que agora começa, e entro oficialmente no meu quinto e penultimo mês de estagio naquele hospital que se assemelha a qualquer coisa como "Bolhão", claro esta, com o devido sotaque tripeiro, que defendo com unhas e dentes!

O fim-de-semana foi revigorante, em familia, na Bélgica (eis uma das grandes vantagens de estar em Paris).
Dou aqui os meus parabéns à minha mãe, publicamente, pela sua destreza na condução de veiculos no estrangeiro, ja que calcorreia as ruas da Flandres como se la tivesse nascido. Dou também os parabéns ao inventor do sistema GPS - o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América - que permitiu que a minha mãe conseguisse, sem quaisquer dificuldades, e apesar da barreira linguistica (garanto-vos que não é facil compreender o neerlandês, apesar de que termos como, por exemplo, "rotunda", se assemelharem ao nosso português), deslocar-se de casa da minha irmã a Kortrijk e vice-versa, não uma, mas duas vezes!

Deixo-vos, hoje, com algumas fotografias que documentam a minha estadia no "estrangeiro", nestes ultimos 7 dias:


Fotografia 1 - A entrada para o elevador do restaurante "Georges", ja aqui abordado varias vezes no "Relier"



Fotografia 2 - A Torre Eiffel ao domingo de manhã: longe, longe, mas sempre à vista!



Fotografia 3 - E porque Carnaval que é Carnaval tem de ter cheirinho a Brasil... Nem Paris escapa!



Fotografia 4 - A magnifica Notre-Dame de Paris dä a possibilidade de fazer magnificas fotografias, ainda que o fotografo seja amador...



Fotografia 5 - E Deus disse: "Façam de Paris uma revolução, mas inventem uma coisa, vulgo "truc", de novo, que não revolução estudantil ou manifestações por tudo e por nada!". E assim foi: Os parisienses fizeram a reforma agraria!!!
Não ha nada como ter sempre à mão um telemovel com câmara incorporada, para fotografar um momento de pura beleza natural como este, em plenas terras de Marialoop. So é pena não terem a oportunidade de cheirar, também, o odor da natureza... Do mais puro estrume de vaca!

Desejo-vos a todos uma optima semana. A minha vai ser a trabalhar, e a preparar a apresentação para o "staff" de 6a feira, pelo que vos peço desculpa se o "Relier" voltar a ibernar por uns dias. Seja como for, tentarei escrever "un mot" de vez em quando!

Bien à vous,
Fil