sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Torre Eiffel afinal não é assim tão grande!

"A Torre Eiffel afinal não é assim tão grande!"
Muito poderia eu dizer acerca destes dias que fiquei sem escrever mas julgo que esta frase, este conjunto de palavras sabiamente ditas pelo meu sobrinho, resume as últimas 48 horas da minha vida, pelos motivos que passo a descrever.

1. O facto de ter sido o meu sobrinho a proferir tais palavras, significa que não só ele está cá em Paris, como também a sobrinha, a mana, o cunhado e, claro está, como não poderia deixar de ser, e apesar de ainda não ter referido desde o início do blogue, a minha mãe (que me tem acompanhado em todos os passeios, num "recordar" de sítios e lembranças, já que passou cá uma parte da sua vida - voltarei a este tema um dia destes). Assim, estes 34m2 de estúdio albergam, no momento, 6 pessoas, num verdadeiro acampamento cigano, mas talvez com mais algum conforto (e, daí, talvez não...). Terei a companhia destas pessoas especiais durante mais 24 horas, já que amanhã voltam à Bélgica (a minha mãe irá com eles, pelo que passarei, oficialmente, a viver sozinho em Paris, vamos a ver por quanto tempo, claro está!). Este tempo livre por parte do agregado familiar da minha irmã deve-se ao facto de viver num país civilizado, com interrupção lectiva durante 1 semana, chamadas as "férias de Outono". Ao que parece, também aqui em França, e ao contrário do que vigora em Portugal, em que a tendência é para que a escola se ocupe a tempo inteiro das crianças (o próximo projecto lei passa pela criação de anexos onde os alunos possam pernoitar e, assim, usufruir do máximo de tempo na instituição que é a escola; claro está que serão os professores a tomar conta das crianças durante o período nocturno já que, conforme sabemos pelos estudos rendomizados, aleatórios e duplamente cegos, é durante a noite que apreendemos os conhecimentos adquiridos ao longo do dia e, quem melhor do que um professor para se assegurar que esteve evento cerebral ocorra nas melhores condições?), o plano é converter a semana escolar em apenas 4 dias lectivos: 2ª e 3ª feiras, 5ª e 6ª feiras. Gostaria de ver tal projecto em Portugal... (Hoje parece que o meu poder de síntese está reduzido à escala de uma pulga para um elefante.)
Bom, em suma, este 1º ponto serve para dizer que a família está quase toda cá.

2. O meu sobrinho é um ente especial (a minha sobrinha também, mas fica para um outro capítulo), sendo que me escuso de enumerar os motivos que me levam a fazer tal afirmação. Depois de andarmos quase 2 horas sob o frio e uma chuva miudinha "molha-tolos", lá chegámos ao nosso objectivo (e que o meu sobrinho se mostrava desejoso de concretizar, sobretudo após visualização do "Ratatouille"). Eis que o rapaz diz: "A Torre Eiffel afinal não é assim tão grande!". Ora, isto dito por uma criança que mede pouco mais de metade de um adulto de mediana estatura, cuja escala do mundo face à sua pessoa se afiguraria diferente da nossa, faz-nos pensar... A Torre Eiffel, incluindo a sua antena, conta com 324 metros de altura (não contando com os 18 cm que "cresce" em dias mais quentes - não faço qualquer comentário relativo à medição da torre em dias mais frios ou mais quentes...), pesa 10100 toneladas, e permite visitas ao seu interior em 3 patamares distintos, sendo que o terceiro andar fica a 276 metros acima do solo, e suporta até 800 pessoas de cada vez. Então, o que faz com que um rapaz de 1,20m diga que uma estrutura 270 vezes maior do que ele não seja "afinal não é assim tão grande!"? Nada mais nada menos do que a comparação desta imensa estrutura com outras ainda maiores, como sejam as estrelas, o sol, as viagens de 2000Km até Portugal e, claro está, a comparação de tamanhos entre a própria Torre Eiffel e o... Ratatouille (a quem deixo aqui a minha homenagem, pois acho que desempenhou um óptimo papel no filme).
Contudo, claro está que o meu sobrinho queria (e eu também!) subir ao topo da Torre Eiffel. E assim foi. Contem, os meus leitores, com o pagamento de uma quantia nada amigável para se ascender ao 3º piso da torre. Apesar da chuva, Paris é bela, e permite que se tirem fotografias espectaculares, mesmo que seja com uma máquina de "treta". Deixo-vos, então, com uma fotografia de Paris do cimo da Torre Eiffel.

Devo dizer-vos, também, que além do meu sobrinho ter adorado a torre (apesar de não ser assim tão grande...), gastou 2 euros que a fada (e toda a gente sabe que elas existem) lhe deixou debaixo da travesseira no noite anterior por troca do seu primeiro dente (que, vejam só, caiu em Paris!), numa Torre Eiffel "porta-chaves" azul!

3. O evento "Torre Eiffel" deixa cair por terra todas as outras coisas interessantes que tenham acontecido nos dias anteriores, como seja o facto de ter descoberto (com a ajuda importantíssima de uma amiga da minha irmã residente em Paris) um bar, "Le Bailon Rouge", actualmente frequentado por pessoas das artes e cinema, onde só servem vinho, e um outro "Bistrot", também na zona da Bastilha, onde comi um "Confit de Canard" espectacular.

Hoje é 6ª feira, 31 de Outubro, dia das bruxas (evento com enorme tradição em Portugal, como todos sabemos) e o meu dia de apresentação no hospital. Assim, ainda vou cortar o cabelo (trouxe a máquina para o fazer no domicílio), desfazer a barba e tomar um bom banho. Dar-vos-ei, mais tarde, notícias.

Bien à vous,
Fil

PS: Deixo-vos aqui uma das obras-primas de Picasso, em exposição no Grand Palais, de que gostei em particular, e de seu nome "La pisseuse" que, traduzido à letra significa "A mijona". Afinal os grandes mestres também utilizam grandes palavras para descrever as suas grandes obras!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Guia das Estrelas Nery para os Morfes

À semelhança do Guia Michelin de restaurantes resolvi, também, criar uma escala de avaliação - O GUIA DAS ESTRELAS NERY PARA OS MORFES -, com o fito de avaliar aqueles por onde vou passando. Assim, os vários ítems serão classificados de 0 (péssimo, muito mau, equivalente a comer num esgoto) a 5 (extraordinário, orgásmico...). Quanto aos ítems a avaliar, serão: ambiente/ decoração, serviço prestado/ atendimento (onde se inclui o tempo de espera para entrar no restaurante até àquele "entre-pratos"), comida (que pode ser dividida em entrada/ prato principal/ sobremesa/ bebida e que terá a ver, sobretudo, com a capacidade económica deste vosso relator) e, finalmente, a relação serviço/ preço.
Assim sendo, começarei pela minha primeira avaliação (tentarei fazê-la com a maior das precisões e isenções):

RESTAURANTE: Chartier
ENDEREÇO: Rue Faubourg Montmartre, nº7

AMBIENTE/ DECORAÇÃO: 4 - De facto, o melhor que o restaurante tem para oferecer. Trata-se de um estilo "Belle époque", sóbrio, que nos remete para alturas de início do século XX. É um espaço muito grande (já serviu como cantina para operários), cuja sala foi classificada em 1989 como monumento histórico, com boa iluminação, e com capacidade para muitos clientes (Fotografia 1); Tem pormenores interessantes, como sejam os candeeiros (Fotografia 2), os bengaleiros (Fotografia 3) e as pequenas gavetas numeradas que serviam para acolher os talheres dos trabalhadores (Fotografia 4). Contudo, as mesas de mármore já denotam o passar dos anos, e as toalhas de pano também. Em cima destas figuram as célebres toalhas de papel. Assim, não contem, os caros leitores, com grandes luxos, já que estes terminam no espaço físico. Além das toalhas de papel, os pratos são brancos/ simples, os talheres cada um da sua nação, e os copos dignos de qualquer refeitório de escola básica (não que os refeitórios das escolas preparatórias ou secundárias tenham maior qualidade... digo eu!). Para coadjuvar à festa, o barulho é muito, virtude da quantidade de gente e do grande espaço.

SERVIÇO PRESTADO/ ATENDIMENTO: 2 - Não adianta fazer reserva a não ser que sejam grandes grupos: eu fiz, no domingo, pelo sítio da internet, e de pouco me serviu... A fila para entrar no restaurante tinha uns bons 30 metros de comprido, e assim se manteve desde a hora que lá entrei - cerca das 20h, até perto das 22h (hora de fecho do restaurante para a entrada de clientes). À entrada, somos atendidos pelo cicerone, que nos indica a mesa onde ficar. A partir daí estamos por conta do empregado de mesa que, sim senhor, tal e qual diz no site, trajados a rigor, de preto e avental branco, contudo, todos os aventais estavam bem sujos e todos os empregados de mangas arregaçadas... O meu, em particular, cada vez que ia à mesa deixava um perfume que diria "sui generis" a H2O + NaCl + bactérias residentes na sovaqueira... Bom, o facto é que demorou muito tempo entre cada prato, apesar de todos eles já estarem previamente confeccionados, tal e qual numa cantina. Devo dizer, também, que não só não trouxe o sal à mesa quando foi pedido, como também veio buscar (com a mão) pão que estava dentro do cesto da nossa mesa (que foi partilhada com uns espanhóis), para um outro cesto de mesa vizinha!

COMIDA: 2,5 - Começo pela sopa: azeda! Tratava-se de um "Potage de legumes", mas não faço ideia de quais, pois não conseguia reconhecer o saber de qualquer um. Tal não seria problema algum se o sabor fosse o melhor, o que não foi o caso. A seguir, um "Escalope de veau Normande". Demasiado passado, sem nenhum sabor diferente do habitual. Comestível, mas sem vontade de repetir. Concluí a refeição não com uma "Dame blanche" (que já não havia), mas sim com uma "Coupe mont blanc", que não era mais do que um creme de castanhas com chantilly por cima - deixei mais de metade... Tudo isto acompanhado por um vinho da casa, ao nível de qualquer "mejeca" a beber num jantar da faculdade. Assim, a refeição, no seu conjunto, não estava boa, o vinho também não, e o empregado acompanhava o "pacote". Dou um 2,5 (que talvez seja demais) só para não dar uma "nega redonda" logo na minha primeira avaliação.
RELAÇÃO SERVIÇO/ PREÇO: 3. Paguei, no total, cerca de 20 Euros. Preço que não é totalmente mau, tendo em conta que englobou entrada, prato principal, sobremesa e bebida. Contudo, apesar do preço ser em conta, o serviço não o foi, o que faz baixar a relação.

NOTA FINAL: 2,9 - Acho que vale a pena VISITAR (e não obrigatoriamente comer) o restaurante pelo espaço que, como já referi, é monumento histórico. Seja como for, quem cá me vier fazer uma visita, lá vai ter que gramar com o dito cujo (restaurante, claro está!), com tudo a que tem direito, desde fila para entrar até ao cheiro da sovaqueira do empregado de mesa.

E tenho dito!
Bien à vous,
Fil

Shakespeare and Company e Chartier - Livros e comida!

Bonsoir à tous!

Caros amigos, o dia acaba cedo em Paris. São 18h e já é praticamente noite cerrada (e o que ainda falta para o solestício de Inverno...).
Hoje, em virtude de uma noite na companhia da Sónia (aquela miúda que de vez em quando nos visita e que não nos deixa dormir...), passei o dia com vontade de fazer... nada!

Ainda assim, e dada a vontade de conhecer uma outra livraria conhecida de Paris, dei cordinha aos sapatinhos e lá fui. Assim, apresento-vos a Shakespeare and Company, uma livraria que fica já no Quartier Latin mas que é, basicamente, sempre em frente tendo como ponto de partida a minha casa. Temos de seguir a Rue St Martin até à Ile de la Cité, continuar em frente, atravessando-a, passar a Petit Pont (já na margem esquerda do Sena) e fica logo ali, a uns 50 metros. A livraria é especial. Em 1º lugar, pelo espaço físico: é uma casa (e velha, por sinal), com livros a "forrar" tudo o que é parede, de cima a baixo, desde velhos a novos, e com uma particularidade - quase todos em inglês, e sem nenhuma ordem aparente! Os próprios funcionários falavam entre eles em inglês. Em 2º lugar, no primeiro andar do edifício fica um espaço, onde os livros que lá residem são, pura e simplesmente, para consulta. Tem uns bancos encostados à parede, onde as pessoas podem ler, consultar e tirar os seus apontamentos. Às 4ªs feiras, desde o dia 22 de Outubro, fomentam reuniões de discussão sobre filosofia e política. Bonito, heim? Pode ser que lá vá um dia... Deixo-vos com uma fotografia da fachada.

O resto do dia foi passado entre a Fnac do Forum Les Halles, que é aqui perto, e o sofá...

Contudo, caros leitores, estou prestes a dar novamente corda aos sapatinhos para ir até ao restaurante que "la tante" recomendou. Trata-se do Restaurante "Chartier", localizado na Rue Faubourg Montmartre, e para o que vos remeto o sítio na internet: http://www.restaurant-chartier.com/www/visit/filsdesans.php , onde podem ver toda a história do restaurante (en Français). Mais tarde confirmarei o aspecto, e tecerei aqui a minha crítica à refeição (pode ser que seja o início de um roteiro de restaurantes e "bistrots" cá do sítio, à semelhança do quase meu guia das livrarias!).

Por aqui me fico,
bien à vous,
Fil

PS: O Cimetière du Père-Lachaise é, de facto, mais bonito do que o de Montmartre. Deixo-vos uma fotografia do túmulo do James Morrison, que tirei em Setembro de 2007.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O 74!

Caros leitores, amigos, e companheiros de aventura,
o 74, como diriam os ingleses, ROCKS!

É verdade! Hoje fui, pela 1ª vez desde que cá estou, até ao Hôpital de Beaujon, local onde me terei de apresentar para iniciar funções na próxima 6ª feira, dia 31. Contudo, esta não foi a 1ª vez que lá fui, mas sim a segunda. A 1ª foi em Setembro de 2007, quando cá vim para um "rendez-vous" com o Prof. Dominique Valla, o director do Serviço de Hepatologia do hospital. Nessa data, fui de metro (linha 13), tive que fazer transfer a meio, e ainda de andar cerca de 15 minutos a pé desde a estação até ao hospital. Desta feita, experimentei o 74, que é um autocarro cuja 1ª paragem é no Hôtel de Ville, pertinho cá de casa e, a última, é mesmo no Hôpital Beaujon, na entrada principal. O melhor de tudo é que demora apenas 40 minutos, e tenho a vantagem de ver Paris a céu aberto.

Entrei no hospital apenas para deixar aqui documentada a grandiosidade do mesmo, sendo que, além do edifício central (ver 1ª fotografia) tem, também, vários pólos satélites, nomeadamente aquele em que vou estar (assinalado a vermelho na 2ª fotografia). Fiquei, assim, satisfeito com o trajecto: demorarei aproximadamente o mesmo tempo que em Portugal na deslocação de casa até ao Porto e a arranjar local para estacionar o meu bólide perto do hospital (que normalmente fica aparcado junto da Maternidade JD, ou seja, a cerca de 7-10 minutos a pé do HGSA), com a grande vantagem de gastar menos de metade do dinheiro em gasolina! Viva os transportes públicos!

Depois, e apesar da instabilidade do tempo, e do facto de não ter levado guarda-chuva, decidi vir até casa a pé, passando por Montmartre. E assim foi. Depois de ter dado uma volta completa ao cemitério (local que queria visitar) e de não ter dado "à primeira" com a entrada, lá consegui visualizá-la a um canto, e lá fui. A visita foi curta já que, como vos disse, o tempo estava instável, e S. Pedro decidiu, nessa altura, "verter águas". Tão depressa entrei no cemitério, como tão depressa estava cá fora à procura de local onde me abrigar e, porque não, comer? E assim foi: bendito restaurante italiano!

Após o repasto, já compostinho e sem chuva, lá me pus novamente a caminho, tendo chegado ao 2º ponto mais alto da cidade, o Sacré-Coeur. Não subi até à cúpula (fi-lo o ano passado), mas acabei por entrar no templo até porque, imaginem só... recomeçou a chover!

Depois foi uma rapidinha até chegar a casa. Contudo, devo dizer às senhoras e senhores leitores deste blogue que pretendam dar o "nó", que não o devem fazer sem antes visitar as inúmeras lojas no decorrer da Boulevard Magenta. Lá encontrarão, com toda a certeza, vestimenta apropriada e a preços variáveis (fatos para homem vão desde os 50 Euros a umas centenas de "blé"), não só os noivos mas também todos aqueles que pretendam assistir a tão bela cerimónia...

Bom, está na hora de sair para ir às compras. Amanhã vou jantar a um sítio especial...

Bien à vous,
Fil

domingo, 26 de outubro de 2008

Dimanche, repos hebdomadaire!

Dimanche, repos hebdomadaire!

É verdade, caros leitores, domingo é dia de descanso semanal, mas só para alguns! Só de me lembrar que hoje estaria de urgência...
Mas não só alguns funcionários da função pública não estão de descanso como, também, todo o turista que se preze.

Paris, ao domingo, é um dia bem mais turbulento do que os demais. Acredito que não só toda a turistada (onde me incluo por apenas mais 5 dias, findos os quais passarei a ser autóctone) venha para a rua como, também, os próprios residentes. E, se de manhã, quando fui comprar o meu "pain aux chocolat" à patisserie habitual, bati com o nariz na porta, e tive de andar mais meia dúzia de metros até à seguinte, verifiquei que a maior parte das lojas estão abertas pelos sítios onde passei.
Hoje decidi passear por aqui perto, não fosse o diabo tecê-las e começar a chover (que está mais para isso do que para outra coisa).

Assim, fiz uma visita à Ile St.-Louis, o que se revelou uma agradável surpresa, sendo que aproveitei o percurso recomendado pelo Guia do American Express (passo a publicidade, está passada...), pelo que vos remeto para as páginas 262 a 263 do mesmo guia - não vos vou descrever cada passo, era só o que me faltava!
Seja como fôr, devo-vos dizer que achei a Église de St. Louis, que fica mesmo no coração da ilha muito bonita. É proporcional ao tamanho da ilha que é, como quem diz, mais pequena do que as que tenho visto até à data por aqui mas, como diriam os franceses, mignone. Outra parte muito interessante, e que recomendo vivamente, é a rua central, a Rue St Louis en L'Ile. Tem restaurantes muito bonitos (e caros!), e lojas fora do vulgar com coisas estilizadas e diferentes, já para não falar nas inúmeras gelatarias, nomeadamente na original Berthillon, onde se vende 1 bola de gelado a 2,30 euros.

O balanço desta 1ª semana de Paris não poderia ser mais positivo (tirando a parte da conta bancária que está no charco...): a chegada sem intercorrências, a casa acolhedora, o local central da residência, o preço de alguns bens essenciais (mas já me apercebi que só de alguns, pelo que aquela minha euforia inicial se foi esmurecendo ao longo da semana...), a vida da cidade, a cidade e mais a cidade.

Bien à vous,
Fil

PS: A caminho da Ile St.-Louis, e porque tenho SEMPRE de passar pelo Centro Pompidou, lá estavam uns franceses a fazer teatro de rua. Deixo-vos com uma pequena amostra do que por lá se passava!

sábado, 25 de outubro de 2008

Picasso 2 - Filipe 1

Caros leitores,

duas horas, DUAS HORAS (!!!) de espera para ver uma das três exposições de Picasso - Picasso et les Maîtres -, esta, no Grand Palais, nos Champs-Elysées. Picasso estava a ver se me ganhava mais uma vez (esteve por um fio...) mas, desta vez, quem marcou golo fui eu, e sempre consegui ver a exposição, que não foi boa, foi muito boa! Valeu, de facto, o tempo que estive à espera (além do bilhete de entrada ser digno de emoldurar).

A exposição põe-nos a par das várias fases de Picasso, e de todos os artistas que lhe serviram de inspiração. Curioso, como ele próprio diz, o tanto que estudou para pintar como os grandes mestres e, depois, levou todo o resto da sua vida para aprender a pintar como uma criança de 10 anos. Não pude deixar de me lembrar de um quadro que o meu sobrinho me deu, pintado por ele, pelo Natal de 2007 (na altura, ainda com 5 anos), que muito se assemelhava com alguns dos quadros de Picasso...

O que esta exposição tem de particular, julgo não ser a evolução do artista mas, de facto, a sua inspiração noutros mestres. Essa comparação é evidente na exposição, já que colocam, por exemplo, o quadro das "Meninas" de Vélasquez e, a fazer parelha, outros 3 quadros de Picasso baseados naquele e que tomam, também, o mesmo nome. E este esquema repete-se com outros quadros "originais" de outros pintores (Rembrandt, El Greco, Goya, Manet, etc) e as "cópias" de Picasso.

Falta-me ver, como é lógico, as outras 2 exposições sob a mesma temática, uma delas no Louvre e, a outra, no Museu de Orsay. Tenho, ainda, algum tempo, já que estarão patentes até início de Fevereiro (dia 2).
Deixo-vos a imagem da "queue" para a compra do bilhete.

O dia valeu pela exposição em si, mas também pela visita a outra igreja, a da Madeleine. Por fora não se assemelha a igreja alguma mas, por dentro, é bela. Hoje à noite há um concerto "requiem de Mozart", mas que custa 20 Euros. Tenho de me controlar, tenho de me controlar... O mal desta cidade é ter demasiado para oferecer. Basta virar a cara para um lado e vemos, ao longe, um monumento que queremos visitar, e lá vamos. Chegados a esse monumento, voltamos a cara para outro lado, vemos outro monumento, e lá vamos... Assim, não são raros os desvios feitos ao trajecto inicialmente projectado.

Agora, le dîner e, depois, mais um filme, o 5º da semana "Qui m'aime me suive" de Benoit Cohen.

Bien à vous,
Fil

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Os grandes Boulevards

Caros leitores, temos novidades no blogue!

É verdade. A pedido dos meus seguidores consegui, e após várias tentativas, colocar um contador do número de visitantes no blogue. Se vir que a coisa está preta e que o número de visitantes é francamente baixo, tenho duas alternativas:

a) fomentar as visitas tal e qual o Major Valentim Loureiro procurou/ comprou os seus votos; contudo, a tendência não é distribuir electrodomésticos, mas sim rebuçados, chocolates e afins (também tenho de pensar no meu futuro: quanto mais goluseimas comerem, mais gordos vão ficar, logo surgem a diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia etc e, consequentemente, ganho clientes!);
b) aceder, eu próprio, ao site, inúmeras vezes por dia, com a vantagem de que não tenho de me oferecer caramelos para o fazer.

A 2ª novidade passa pela minha biografia que, em pinceladas gerais vos mostra a minha vida, desde o nascimento até ao dia de hoje, já com pinceladas de futuro.

A 3ª novidade é que consegui (espero eu) pôr (qual galinha) o horário dos nossos escritos em conformidade com a hora de Paris e não com a hora do outro lado do mundo.

Muito bem, caros leitores, o que fiz hoje?
Nada mais nada menos do que... passear! E que bom que é! É um facto que ainda estou em férias e que o posso fazer. Podia tecer um comentário ao luxo que é um médico (assim como outras profissões) tirar férias em qualquer altura do ano (tirando Natal e Ano Novo, em que não é permitido, sobretudo se nos calha essa rotação de Serviço de Urgência), ao contrário dos pobres dos professores que só as podem tirar em alturas particulares do ano a não ser que, por desgraça dos próprios, sejam obrigados a tirar férias forçadas. Aí, meus caros, não é o estado que dá essas férias, mas quem? Os médicos, claro está! Essa classe que toda a gente fala mal mas de que tanto gosta...

Bom, voltamos ao nosso Paris.
O passeio, hoje, foi pelos grandes Boulevards, pelas lojas e centros de comércio gigantesco que por aqui existem.

Contudo, não sem antes fazer mais um pouco de reconhecimento pela zona onde habito, nomeadamente por uma outra viela de seu nome "Passage du Grand Cerf". É muito bonita, comprida (120m) e alta (3 andares), e onde existem as mais variadas lojinhas desde arte étnica a coisas mais sofisticadas, com muita jóia à mistura. Logo no final dessa mesma ruela, existe uma outra (esta bem maior e ao ar livre), que é a Rue de Montorgueil. Tem aquilo que já havia procurado nas redondezas e ainda não havia encontrado: peixarias, talhos, várias frutarias e algumas das coisas ligeiramente mais baratas do que nos supermercados, além de também muito mais frescas...

Continuando por ruas, ruinhas e ruelas, lá cheguei à zona da Opéra. Entrei, mas não visitei. Tenho de me recordar frequentes vezes que estou aqui como trabalhador e menos como turista, o que faz com que me tenha de controlar relativamente aos custos. Contudo, é certo e sabido, que no período que cá estarei irei à ópera, não só à Opéra de Paris Garnier, como também à da Bastilha, como também ao Olympia.

Deixo-vos, aqui, o programa dos vários locais. Aceitam-se sugestões e, melhor ainda, meus caros amigos, ficam conhecedores do que melhor se vai fazendo por aqui e pode ser que vos aguce o apetite no sentido de virem ver ao vivo e a cores, juntamente com o vosso ilustre redactor, as peças dos vossos desejos...

Ópera Nacional de Paris Garnier: http://www.operadeparis.fr/


Depois destas considerações artísticas, fui às compras e, devo-vos dizer que, pela 1ª vez me senti um verdadeiro parisiense, quando me passeei na rua com uma casquette na careca comprada nas galerias Lafayette (das quais deixo aqui também fotografia). Contudo, a maioria dos produtos lá vendidos são, neste momento, pouco atractivos para a minha carteira. Estou, contudo, a pensar iniciar um fundo com as contribuições dos meus caros leitores, para o qual até já tenho título: "Fundo de integração social". Com esse fundo, pretenderei comprar as melhores coisas e aos mais altos preços, nas melhores lojas, com o fito de me fazer passar por um verdadeiro parisiense e não como um tuga a fazer-se passar por tal.
Mes amis,
je vais terminer mes considérations d'aujourd'hui,
bien à vous,
Fil

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O circuito das Igrejas

Bonsoir à tous!

Antes de prosseguir com mais umas palavras traduzidas, ao fim e ao cabo, por uns meros bytes no universo que é a world wild web, deixem-me agradecer veementemente a todos aqueles que me deixam mensagens todos os dias no meu blogue. Isto que faço é, além de um exercício ao qual me devo obrigar para me manter são, por e para vocês (além de que a sua publicação, após resolver umas alíneas do contrato com os meus advogados, me vai render milhares, eh! eh!)!

Depois deste introito (que me escusarei de fazer nos próximos tempos, dada a forte possibilidade de falsamente me acusarem de lamechas), conto-vos o que Paris me ofereceu no dia de hoje. Provavelmente se recordam que estava para ser passado, ad inicium, e na íntegra, no Quartier Latin. Contudo, passei-o uma grande parte mesmo ao lado, em St-Germain-des-Prés.

Assim, um dos objectivos iniciais passava por encontrar a loja da Taschen (após uma busca rápida na net, localizei-a da Rue de Buci nº2). A loja, apesar de pequena, não me desapontou. Tem livros fantásticos, com impressões à qual já fomos sendo habituados e, meus caros, por preços francamente convidativos, alguns dos quais mais baratos do que na nossa pátria-mãe. Parece-me a mim que vai ser um dos meus locais de culto e de visita aos fins-de-semana.

Depois, seguiu-se um vai-vem pelas ruas e ruelas, grande parte do tempo sem mapa na mão, a descobrir sítios giros e interessantes. Assim, quando vierem a Paris, e se quiserem comer crepes bons e baratos, tê-los-ão na Rue St Andre des Arts.

Acabei, também, por visitar o Jardin du Luxembourg (uma beleza em dias soalheiros, como foi o caso) e, depois, aquele que quase poderia ser intitulado como o "caminho das igrejas" já que passei, nomeadamente, por St. Sulpice (a torre Norte continua em obras...), igreja que levou 137 anos a ser edificada e que passou pelas mãos de vários arquitectos, e peça importante do livro de Dan Brown, O Código da Vinci. Logo a seguir a St. Sulpice seguiu-se St. Séverin, com um interior mais simples, mas de uma beleza também imensa, onde se nota uma escassez de imagens religiosas, ao que muito se deve o seu altar central. O seu nome deve-se a um eremita que viveu no local, e é de estilo gótico flamboyant (gostei da palavra e resolvi aqui colocá-la - tentarei, em breve, decifrar esta variante do gótico, se bem que poderemos sempre aguardar por algum comentário de algum(a) leitor(a) mais diferenciado na área...). Após esta igreja, passei por Notre-Dame. Apesar de estarem várias centenas de pessoas no seu interior, é impressionante a calma que transpira. Edificada a partir do século XII, demorou quase 170 anos a ser concluída. É magnífica na dimensão, nos vitrais, no órgão, no tesouro e, até, nas suas célebres chimères. Anteontem foi palco de uma homenagem a uma freira Belga que faleceu com quase 100 anos.

Hoje falta-me inspiração para mais. Vou ver um outro filme, também ele francês, ou dobrado em francês.

À demain, bien à vous,
Fil

Passage l'Ancre

Bounjour!

Antes de continuar a descobrir Paris (e o tempo está propício para tal), deixo-vos aqui uma outra descoberta, também desta cidade e, em particular do local onde moro, a "Passage l'Ancre", que já vos falei em monólogos anteriores (com algumas respostas, é um facto) e que, traduzindo para o nosso português não significa mais do que "Passagem da âncora". Assim, descobri, na net, um site que fala da história desta viela, e para o qual vos remeto:

http://www.insecula.com/salle/MS01218.html

Devo-vos dizer que a entrada para o meu estúdio fica mesmo em frente ao Pep's!

Agora, vou-me passear para o Quartier Latin
Bien à vous,
Fil

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Picasso é uma fraude!

Bonsoir mes amis,

Devo-vos dizer que Picasso não quer nada comigo, e que eu estou prestes a não querer nada com Picasso. Recordam-se de vos falar nas minhas aventuras "picassianas"? Pois bem, Paris tem Picasso neste momento como o suor tem NaCl, que é como quem diz, Paris transpira Picasso! Existe uma exposição de "Picasso e os Mestres" no Grand Palais, onde tentei ir ontem, mas sem sucesso. Tal, deveu-se só e apenas à senhora que estava à entrada da exposição a barrar a entrada de qualquer desavisado que, como eu, recorria àquele local para observar a dita cuja. Aparentemente estavam a montar uma outra exposição a decorrer também no mesmo recinto, daí não haver lugar a visitantes. O facto, é que só eram visíveis os "mini's" da fiac, assim como os camiões da mesma instituição à volta do Grand Palais (que é bem grande por sinal, a fazer justiça ao nome). Assim, nesta fase do campeonato estava Picasso 1 - Filipe 0.
Hoje, imbuído, novamente, de espírito Picassiano, resolvi tomar o meu rumo ao Museu de Picasso que fica a meia dúzia de metros cá de casa (que é como quem diz que é perto e dá para ir a pé). Contudo, nova "nega" de Picasso à minha pessoa, já que aquele Museu está em obras ou afins até ao dia 24 deste mês. Assim, no final do dia de hoje, o resultado é: Picasso 2 - Filipe 0. Contudo, devo-vos dizer, caros leitores, que O ÁRBITRO ESTÁ COMPRADO!!!

Contudo, não poderia passar o dia sem me imbuir de mais alguma cultura e, aproveitando estar em Marais, passei pelo Musée Carnavalet, que se dedica à história de Paris e de França e que, neste momento, junta o Hôtel Carnavalet e o Hôtel le Peletier. Vale a pena visitar, tanto é que é grátis.

Aproveito para deixar aqui um dos legados que França deixou à humanidade, e que não é mais do que a "Déclaration des Droits de L'Homme et du Citoyen".

Aproveitando a proximidade do Jardin des Vosges, dei um pulo até à casa do Vitor Hugo, onde está patente uma exposição sobre "Les Miserables", exaustiva relativamente à temática abordada, e que relata o período desde a elaboração do texto, das suas várias revisões, da troca de cartas entre o escritor e amigos, até às críticas (que não foram poucas, e nem sempre positivas) após ter sido editado.

Após tudo isto, cada vez mais gosto do sítio onde estou. A gente, o movimento, a proximidade de tudo e de todos, enfim... sinto-me em casa, mas... de férias!

O problema vai ser quando começar a trabalhar: a dura realidade...

Bom, vou ver mais um filme em Francês, este com a Sophie Marceau, no papel de Anna Karenine.

Bien à vous,
Fil

Mão à palmatória...

Meus amigos, como vos disse na primeira entrada deste blog, esperaria as considerações e respectivas correcções de uma das minhas maiores fãs: la tante!
Muito bem, para me redimir do erro que foi associar a música "Les Feuilles Mortes" a Jacques Brel, cá vai um link para o youtube, onde podem escutar uma versão desta mesma música cantada pelo Yves Montand, numa das suas aparições (qual virgem Maria) no Olympia, onde inicia a sua música a recitar o poema e só depois é que o canta:

http://www.youtube.com/watch?v=kLlBOmDpn1s&feature=related

Viva "Les Feuilles Mortes", viva Yves Montand, viva "La tante"!

Vou passear.
Bien à vous,
Fil

terça-feira, 21 de outubro de 2008

As primeiras imagens...

Chers lecteurs, bonsoir!


Como já vos havia prometido e, meus amigos, cá comigo é assim mesmo, o prometido é devido (ainda que possa ser com dias, semanas ou outras unidades de tempo passados...), envio hoje algumas das fotografias que têm marcado estes últimos dias.
Assim, a 1ª é referente à preparação da mala, onde podem observar as camisas brilhantemente dobradas. Claro está que não foi propriamente assim que chegaram ao destino...
Nesta 2ª fotografia é possível observar um pequeno pormenor daquilo que é a "Passage de L'Ancre", a tal "viela" que une a Rue St Martin e a Rue Turbigo e, ao fim e ao cabo 2 arrondissement diferentes: Les Halle e Marais.
A entrada para o meu apartamento fica algures à vossa direita, antes da porta vermelha. Aliás, portista que se preze nunca poderia residir num apartamento de porta cor-do-diabo (quem o viu diz que é vermelho), mas sim numa porta azul, que é o caso!
Mesmo à frente da porta da minha residência tenho uma loja sui-generis de, vejam só, reparação de "parapluies". Digam lá se conseguem nomear uma loja desta temática em Portugal? (E, se conseguirem, também não interessa, pois estou na fase de negação do nosso país, e a achar que tudo o que existe aqui é melhor - por favor, deixem-me continuar com este pensamento!).
Apesar de não conseguirem ver, todas as plantas já estão envoltas num emaranhado de fios e pequenas luzes de Natal!
A fotografia que vos mostro aqui mesmo à esquerda dispensa quaisquer tipos de comentários e de legenda, pelo menos, em termos da sua localização geográfica. O prezado leitor que desconhece que local de Paris é este, está de imediato convidado a abandonar o blog, a tirá-lo dos seus "favoritos" e, por favor, a nunca mais digitar http://www.relieraparis.blogspot.com/ em qualquer computador a que eventualmente tenha acesso.

A única coisa passível de ser comentada é, como podem observar, a típica decoração de Natal (ouvi dizer que também são os "Castro" que vêm cá colocá-la). Fica aqui prometido tirar uma fotografia nocturna desta mesma avenida quando ligarem as respectivas luzes.

A fotografia número 4, dou-lhe o nome de "O passeio das folhas mortas", em homenagem ao cantor Jacques Brel.
O Outono chegou em força e não engana. A própria fotografia subvaloriza o que os nossos olhos podem ver, pois a imagem é simplesmente soberba.
A culpa, caros leitores, não é do fotógrafo (moi même), mas sim da máquina com que a tirei: uma máquina óptima para tirar fotografias debaixo de água, mas péssima para tirar fotografias noutro meio que não aquele para o qual foi concebida. A minha outra máquina (que também a trouxe) tem uma limitação importante, que é a falta de carga na bateria e, pior ainda, de carregador para a carregar...
Bom, meus amigos (tirando aqueles que não reconheceram o motivo da fotografia número 3), por aqui me fico.
Amanhã continuarei a tentar aumentar a minha cultura "picassiana", já que o dia de hoje se revelou infrutífero nesse aspecto, tal como vos contarei mais tarde.
Bien à vous,
Fil

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Adeus Portugal, bonjour Paris!

Caros leitores: cheguei a Paris!!!
Por onde começar o "relatório" do dia? Pela senhoria do meu estúdio? Pela proximidade da casa ao epicentro de Paris? Pelos preços mais baratos dos bens essenciais cá do que em Portugal? Pelo facto de poder falar para os telefones fixos de Portugal a custo zero?!
Bom, comecemos pelo início e, talvez, pelo "pré-início", que é como quem diz pela elaboração laboriosa de uma "valise" para 6 meses.
Ontem, como os meus amigos se aperceberam, foi o dia das visitas, e que foram muitas e boas, desde o início da tarde até à noite. Não me posso, de todo, queixar. É bom sentirmo-nos queridos de vez em quando! O facto é que a mala ficou para último lugar e, claro está, era uma hora da manhã e ainda a estava a fazer. Calças, calças e mais calças (pantalon, em franciú), chemises, chemises et encore des chemises (oh! meu Deus, estou a tornar-me num verdadeiro "avec")! Tudo isto seria fácil se não houvesse a imposição por parte das normas das companhias aéreas low cost relativamente ao peso da bagagem e, como devem imaginar, essas mesmas empresas ainda não criaram nenhuma excepção (não sei se o novo acordo ortográfico contempla o "p" antes do "ç") à regra relativamente a todos os seus clientes que se preparam para ficar 6 meses fora do país. Esses pobres coitados, ainda por cima, levam com a "coima" do excesso de peso. Contudo, não foi o meu caso. Os 16 kg de bagagem a ser despachada (mais 1 kg do que o previsto) e os 13 kg de bagagem de mão (sem contar com o computador portátil) - mais 3 Kg do que o previsto, não foram suficientes para chamar demasiado a atenção, e para pagar a respectiva (coima, claro está!).
Bom, deixemo-nos de paleio relativamente às malas, até porque tirei uma fotografia que a seu tempo a colocarei neste espaço e, como uma imagem vale mais do que mil palavras (e com o meu fraco poder de síntese, seriam bem mais de mil...) ...

Hoje de manhã acordei cedinho, desfiz a barba e tomei banho (queria causar boa impressão a este povo culto e, em particular, às autóctones...). Tinha o avião às 11:05, pelo que sair de casa às 9:00 daria mais do que tempo para chegar ao aeroporto, despachar as malas, tomar um café, passear-me pelas lojas do aeroporto, e embarcar. Contudo, meus amigos, desenganem-se! E sabem porquê?! Porque é impossível agendar seja o que for a tempo e horas no nosso Portugal. Pois é: estava um trânsito descomunal em direcção ao Freixo, Arrábida, e se mais pontes houvesse que dessem acesso directo à AE, também essas estariam entupidas. Ora, uma questão se coloca: porque raio de carga de água haverá este trânsito às 9:30 e às 10h, se não há acidentes que o justifiquem? Mas então a que raio de hora os nossos conterrâneos entram ao Serviço? Às 8:30 ou às 9h não é com toda a certeza e, como depois de chegarem ao trabalho (tarde!) ainda vão tomar o café... Aconselho vivamente a todos os ministros de todas as pastas a colocarem "dedómetros" nos vários postos de trabalho! (E lá estou eu a divagar... e ainda nem sequer chegámos a Paris, pois não?)

Agora é rápido: A viagem correu bem, assim como correu o transfer de Beauvais até Porte Maillot e de Porte Maillot até Rue de Turbigo nº30 ou, quem vier pelo outro lado, Rue St. Martin nº223. Como podem reparar, tenho acesso ao meu estúdio por 2 ruas diferentes, através de uma "Passage", de seu nome "Passage de l'Ancre", que é indiscritível: amanhã tirarei fotografias (se não chover) e deixarei disponíveis a todos os coscuvilheiros (perdão, a todos os leitores!)!
A minha senhoria é uma Madame, não uma dessas que por aí andam (suas mentes perversas), mas sim por ser casada (tanto quanto sei, o marido está na Àfrica do Sul...). Além do mais, é uma verdadeira parisiense: gira, sofisticada e, aparentemente, muito limpinha! Digo-vos: muito boa impressão, muito boa... impressão!
Foi impecável e, devo-vos dizer, que fala o francês muito bem!
O estúdio é excelente (perfeitamente proporcional ao preço de quase 3 salários mínimos de Portugal que pago por ele por mês) e, nestes 34 m2 cabe tudo! O mais extraordinário, meus amigos, é que estou em franca vantagem face a todos vocês: ligo para Portugal, para a rede fixa a custo zero. E vocês?!
Outra coisa extraordinária, é o Monoprix: um supermercado a 2 passos de casa, onde o preço dos bens essenciais é, no geral, mais barato do que no nosso país. Devo-vos recordar que estamos em Paris onde, por tradição, tudo era mais caro, é suposto ser mais caro e, quanto mais não seja só "pour la beauté du geste" deveria ser mais caro!

Caros leitores, não vos maço mais. Gostaria ainda de vos falar da posição estratégica e central do estúdio face à restante Paris, da livraria extraordinária que "la tante" me recomendou e de outras coisas, mas fica para uma próxima vez, em breve, muito breve...

Bien à vous,
Fil

domingo, 19 de outubro de 2008

A 24 horas da partida - as despedidas!

Hoje fui acordado pelo "pi-pi" irritante do telemóvel que, em linguagem telemobilística, significa: "Filipe, acorda! Tens uma mensagem nova!" Claro está que a mensagem nunca poderia ser de algum ente residente em Portugal (a não ser algum colega que estivesse a sair ou a entrar de urgência), mas sim de alguém que estivesse a milhas de distância, num outro fuso horário. Na realidade, tratava-se da 2ª hipótese: uma amiga de infância, emigrada na Holanda e a desejar-me uma boa viagem para amanhã (pois é, já só faltam 24 horas para entrar no avião...).
Contudo, as despedidas não se iniciaram hoje. No domingo passado consegui reunir o grupo da faculdade em minha casa. Apesar de não estar completo, estava quase. São, sobretudo, bons amigos, e aqueles que perduraram mesmo após 5 anos de terminado o curso. Na 6ª feira fui almoçar a Esposende à beira rio, num restaurante óptimo, de seu nome Pé no rio, mais conhecido, para quem lê rápido e em acordo com o logotipo do restaurante como "Penório". A comida estava boa, e a companhia melhor ainda! Ontem começaram as mensagens e as visitas ao domicílio: tive ontem uns tios, hoje conto ter outros tios e primos. O Papa mandou sms e diz que vai tentar dar uma escapadela de Roma para me visitar um dia destes e, o nosso primeiro, diz que muito gostaria de ir a Paris mas que o país não tem dinheiro nem para pagar viagens em "Low cost".
Muito bem, caros leitores, tenho de ir fazer as últimas compras antes da minha partida.

Bien à vous,
Fil

sábado, 18 de outubro de 2008

Introdução

Aos caríssimos leitores, vulgo família e amigos mais próximos, que aqui me vão seguir nos próximos 6 meses (já que o resto da população só terá acesso quando estas palavras se tornarem no próximo bestseller), mes compliments!

Tornarmo-nos em bloguistas não é um processo difícil, mas um pouco moroso. E porquê, perguntam vocês? Não se prende propriamente com os passos a seguir (todo o processo é muito intuitivo, e o servidor até se mostra muito simpático com o utilizador - é o caso, por exemplo, do momento em que escolhemos a nossa palavra-passe, e em que ficamos a saber, no imediato, qual é a sua "força" - devo avisar aqueles com espírito alcoviteiro e prevaricador, que a minha palavra-passe se reveste de uma força ao nível das utilizadas no planeta Crypton, que é como quem diz: poderosa!), mas sim com o tempo que se perde ao ler os vários pontos do "contrato". E fiquei triste, muito triste, ao ver que vou ter de "fazer uso" dos meus amigos advogados quando quiser publicar esta minha saga em terras de Carla Bruni-Sarkozy. Pois não é que os direitos de autor não são do google? Não acho bem, não acho mesmo nada bem...

Bom, mas afinal o que podemos esperar deste blog? Deste diário? (que provavelmente não terá registos todos os dias mas, à semelhança do "Le Journal d'Anne Frank", só de vez em quando, sendo que prometo tentar fazê-lo com a maior regularidade possível!)
Com toda a certeza que porei os meus caros leitores a par do que culturalmente a cidade-luz tem para oferecer, do "cumbíbio" com os autóctones e, claro está, de tudo aquilo que se for passando no hospital onde irei passar uma boa temporada destes meus próximos 6 meses e que, ao fim e ao cabo, é o mote da minha viagem. Para quem não sabe, vou fazer um estágio de 1/2 ano, mais ou menos o equivalente a um-sessenta-avos da minha vida, na área da hepatologia, para um dos melhores hospitais da Europa nesta área (por favor não se riam, nem tentem pronunciar o nome do hospital com sotaque do Porto), o Hôpital de Beaujon, sob a orientação do Prof. Dominique Valla. Tenho a reunião de apresentação no próximo dia 31 de Outubro às 18h. Até aqui tudo bem, não fosse o dia 31 de Outubro ser uma 6ª feira e, as 18h, corresponderem a um período do dia, pelo menos neste meridiano, já no seu términus!!! Isto, em Portugal, nunca aconteceria... nunca!
E onde vou eu ficar?! Ahhhh... Isso queriam os caros leitores saber! Vou ficar debaixo de uma das várias pontes do rio Sena, que são bem bonitas por sinal! Este tema deixarei para um outro dia já que merece, sem dúvida, um link para o site e umas fotografias do apartamento.
Conto com os caros leitores para servirem de "link" do meu ser ao nosso Portugal que tanto amo (apesar das suas adversidades), assim como conto com as correcções ortográficas da minha tia, das pitadas de charme veiculadas pela Cristina, das palavras de força de todos os amigos, das piadas repletas de sentimento da minha prima "Nice" - por favor, ler com sotaque inglês -, do consolo enviado pela minha irmã (que só vai estar a uns meros 300km!), da escrita acurada do meu mano Rui e, inclusive, dos escritos feitos pelos meus pai e mãe que, infelizmente, são pouco dados a estas coisas.

Bien à vous,
Fil